Agência Brasil

Manaus, Amazonas, Brasil • 5 de junho de 2009

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A explosão ocorrida na sede da Polícia Federal (PF) em Manaus, no dia 27 de fevereiro deste ano, foi um acidente de trabalho. A conclusão é de perícia feita pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF, que foi apresentada nesta sexta-feira (5) na capital amazonense.

De acordo com o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Sérgio Fontes, a explosão foi causada por oito bombas de fabricação caseira, usadas de maneira criminosa para pesca artesanal. As bombas, que pesavam cerca de 4,4 quilos, estavam sendo manipuladas para desarticulação. Na ocasião, quatro peritos criminais estavam no local. Três deles morreram.

“Houve um erro dos peritos de achar que havia segurança suficiente para manipular as bombas naquele local e naquelas condições. Trata-se de uma falha de procedimento. Eles deveriam ter fotografado o material antes de destruí-lo e depois ter analisado os destroços”, disse Fontes.

O laudo pericial, que tem 63 páginas, descartou a hipótese de atentado. As investigações foram feitas com base em exames químicos em fragmentos de objetos que estavam no local e nas imagens recuperadas de dois cartões de memória das câmeras usadas pelos peritos momentos antes da explosão. No dia do acidente, 15 bombas como as que explodiram estavam no laboratório de bioquímica da Polícia Federal em Manaus. As sete bombas que não explodiram foram detonadas no dia 2 de março, de forma controlada pela instituição.

“A perícia diz o que explodiu, mas não como explodiu. Não há como. Nossa dedução é que tenha sido pela manipulação das bombas, por meio de estilete ou chave de fenda. Um desses artefatos pode ter gerado uma reação com o material manipulado, que explodiu uma bomba e por, um fenômeno chamado 'simpatia', explodiu as outras sete”, acrescentou o superintendente da PF no Amazonas.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do inquérito policial instaurado para apurar as causas do acidente, delegado Caio Porto Ferreira, disse que, possivelmente, o perito Antônio Carlos Oliveira era quem manuseava a primeira bomba que explodiu. Segundo o atestado de óbito, ele morreu por anemia aguda hemorrágica, produzida por ação térmica e contusa. As outras vítimas, Max Augusto Neves Nunes e Maurício Barreto da Silva, tiveram choque neurogênico provocado por queimaduras de terceiro grau. Max teve 100% do corpo atingido pelas queimaduras e Maurício sofreu queimaduras de terceiro grau em 70% do corpo.

“Por causa do nível de suas lesões, tudo indica que o perito Oliveira era quem manuseava os objetos que explodiram”, disse o delegado Ferreira.

O prédio da PF em Manaus será totalmente reformado até o fim de 2010. Cerca de R$ 4 milhões serão gastos na nova estrutura da superintendência, com o objetivo de garantir mais segurança, sobretudo nos procedimentos relacionados com equipamentos perigosos, incluindo os radioativos.

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