Brasil • 2 de novembro de 2005
Um senador do PSDB e um deputado do PFL acusaram o partido do governo de estar espionando a vida deles. Ambos pediram providências ao Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
O líder do PSDB senador Arthur Virgílio (Amazonas) disse na segunda-feira (31/10) que ele e sua família estariam a ser investigados por um suposto ex-policial contratado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Virgílio disse que o ex-policial afirmou que agrediria o seu filho e teria oferecido R$ 100 mil a um sindicalista para fazer acusações para manchar a imagem do senador.
O discurso do senador foi muito duro e ele ameaçou "dar uma surra" no Presidente Luiz Inácio Lula da Silva se descobrir que ele está por trás disso tudo.
Virgílio disse: "Eu duvido que tenha neste país, uma pessoa - pode ser o Presidente Lula, o Delúbio, o segurança do Lula, qualquer um- alguém que tenha coragem ousadia física de fazer mal a filho meu, à minha esposa sem que eu cobre do jeito que eu achar que eu devo como homem uma resposta muito drástica para uma afronta desse tipo. (...) Se isso é uma tática para intimidar aqui e intimidar acolá, eu já disse ainda há pouco que mexer comigo com meus valores, sobretudo envolvendo minha família é tão grave e dá uma confusão tão feia quanto passar a mão no bumbum da namorada do Mike Tyson num bar".
E acrescentou: "É uma loucura da parte do Presidente se ele imagina que pode permitir uma coisa dessas, uma loucura. Que não me deixaria alternativa a não ser cobrar política, jurídica e fisicamente a resposta. Eu vou repetir, me permita e me dê tempo: política, jurídica e fisicamente qualquer tipo de atentado a alguém ligado a minha família. Essa gente portanto fique sabendo bem com quem está lidando. Eu vou repetir aquele filósofo carioca que foi cassado outro dia: 'Tem certas coisas que me despertam os piores instintos'".
A senadora Ideli Salvati (PT-Santa Catarina) se solidarizou com Arthur Virgílio porém defendeu o Presidente Lula afirmando que ele nunca participaria de um conluio desse tipo.
O senador Eduardo Suplicy (PT-São Paulo) criticou na terça-feira (1/11) o pronunciamento de Virgílio: "Fiquei chocado com as palavras do líder do PSDB. Será essa a melhor maneira de procedermos? Será que poderá um deputado ou um senador dizer que vai dar uma surra física no presidente da República?"
Também na terça, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL, Bahia) disse que ele, sua família e outros integrantes das CPIs estariam sendo vítimas de espionagem por parte de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Magalhães Neto disse: "Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, é com muita preocupação que trago ao conhecimento desta Casa informações que dão conta de que alguns Parlamentares, sobretudo aqueles da Oposição, que participam mais ativamente do processo de investigação das graves denúncias de corrupção que imperam no Governo do Presidente Lula, estariam sendo monitorados, de manhã, de tarde e de noite, pelo Serviço de Inteligência do Governo, patrocinado pela ABIN Agência Brasileira de Inteligência".
O deputado também declarou: "Dirigirei um ofício à Comissão Mista do Congresso Nacional, composta pelos 2 Presidentes das Comissões de Relações Exteriores, pelos 2 Líderes da maioria e pelos 2 Líderes da Minoria, a fim de que também convoquem o General Jorge Félix, para que este venha dar explicações sobre a participação da ABIN nesses atos de espionagem. E digo mais, ao associar-me às palavras do Senador Arthur Virgílio: Sou capaz de dar uma surra. Senador Arthur Virgílio, V.Exa. não dará uma surra sozinho não, mas terá um aliado, porque não tenho medo. Repito, não tenho medo. Não me acovardo. Não me intimido. Não me intimido por ninguém".
Ver também
Áudio
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Links externos
- Discurso do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-Bahia), 11h02, 1/11/2005.
Fontes
- Virgílio reitera: "daria uma surra" em quem ameaçasse seu filho — Jornal do Senado (Brasil), 3 de novembro de 2005
- Suplicy critica o líder do PSDB que teria ameaçado dar uma surra no presidente da República — Agência Senado (Brasil), 1 de novembro de 2005