Agência Brasil

17 de novembro de 2009

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O padre salvadorenho Andress Tamayo deixou, no fim da tarde de ontem (16), a Embaixada do Brasil na capital hondurenha, onde estava desde o dia 21 de setembro, quando entrou juntamente com o presidente deposto Manuel Zelaya. O religiosos eram quem celebrava as missas, todos os domingos, na embaixada, da qual participavam os familiares de Zelaya.

Tamayo, que vivia há 26 anos em Honduras, teve seu pedido de naturalização negado pelo governo de fato de Roberto Micheletti, depois que fez afirmações públicas de apoio a Zelaya. O porta-voz da Polícia Nacional, Orlin Cerrato, informou que o religioso deixou a embaixada por sua própria vontade e que não sabe quais foram os motivos.

O sacerdote foi levado para a Embaixada de El Salvador pelo cônsul do país Nelson Rodriguez, que se comprometeu com as autoridades a retirar o religioso de Honduras até amanhã (18). Segundo fontes próximas a Zelaya, ele teria decidido sair para acompanhar o tratamento de um irmão que estaria muito mal de saúde em San Salvador.

Agora só restam 16 pessoas na embaixada brasileira.

Nessa segunda-feira, logo de manhã os manifestantes da Frente de Resistência ao golpe de Estado que destituiu o presidente eleito Manuel Zelaya voltaram a ocupar a Praça do Congresso Nacional, depois de uma pausa no fim de semana para rever as estratégias de enfrentamento ao governo de fato, liderado por Roberto Micheletti

Com a palavra no (não), escrita na palma das mãos, homens, mulheres e crianças passaram todo o dia ouvindo os líderes do movimento.

Rafael Alegria, que estava fora de Tegucigalpa nos últimos dias, voltou a comandar as manifestações. Em entrevista à Agência Brasil, ele confirnmou a decisão pelo boicote ao voto e disse que uma dia depois das eleições, será iniciada campanha por uma nova Constituinte.

Mais uma vez, a Resistência tentou explicar o que Zelaya quis dizer na carta que enviou ao presidente norte-americano Barack Obama, sábado (14) à noite, que deixou muita gente confusa. Alegria disse que Zelaya não estava renunciando à Presidência, como o governo golpista vem dizendo, e sim reforçando sua posição de não participar mais de acordos que poderiam ser entendidos como adesão a um processo eleitoral sem respaldo democrático.

Honduras é o segundo país mais pobre da América Central. Pelo menos metade dos seus quase 8 milhões de habitantes vive abaixo da linha de pobreza. Apenas três em cada dez hondurenhos vive com mais de US$ 2 por dia.

A crise política, que começou em junho com a deposição do presidente eleito Manuel Zelaya, agravou ainda mais a situação econômica.

Segundo dados do Ministério das Finanças, 70% dos recursos para programas sociais vêm de doações internacionais que estão, neste momento, quase todas suspensas. Cautelosos, organismos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial decidiram aguardar até que tudo fique mais claro em Honduras.

Muitas empresas fecharam as portas nos últimos meses e o desemprego aumentou. O presidente da Associação das Indústrias de Honduras, Adolso Facusse, um dos mais importantes líderes empresariais do país, afirmou que a crise política interna piorou mais os reflexos da crise mundial. Caíram sensivelmente as exportações e importações.

Fontes