Agência Brasil

1 de junho de 2017

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Fortemente influenciado pela agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 1% no primeiro trimestre do ano, comparado ao quarto trimestre de 2016, na série livre de influências sazonais. Esta foi a primeira alta na comparação, após dois anos consecutivos de queda.

Os dados foram divulgados hoje (1º), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam, porém, que apesar da alta, o PIB caiu 0,4% quando comparado ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto o resultado acumulado dos quatro últimos trimestres terminados agora em março registra queda de 2,3% - portanto, o acumulado dos últimos doze meses, em relação ao período imediatamente anterior.

Os dados evidenciam o forte crescimento da agropecuária, que fechou o primeiro trimestre do ano com alta de 13,4%, uma vez que a indústria teve expansão de 0,9% e o setor de serviços fechou estável entre um período e outro (0,0%).

Segundo o IBGE, em valores correntes, o PIB encerrou o primeiro trimestre do ano em R$ 1,6 trilhão. A taxa de investimento no primeiro trimestre foi de 15,6% do PIB, abaixo da observada no mesmo período do ano anterior (16,8%). A taxa de poupança foi de 15,7% ante 13,9% no mesmo período de 2016.

PIB cai 0,4% em relação ao 1º trimestre

A queda de 0,4% no PIB do primeiro trimestre do ano, quando comparado ao mesmo trimestre de 2016, constitui o décimo segundo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Na mesma base, o valor adicionado a preços básicos teve variação negativa de 0,3% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios recuaram 0,8%.

Dentre as atividades que contribuem para a geração do valor adicionado, a agropecuária cresceu 15,2% em relação a igual período de 2016; a indústria sofreu queda de 1,1% e o valor adicionado de serviços caiu 1,7%.

Segundo o IBGE, pelo oitavo trimestre consecutivo “todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo na comparação com igual período do ano anterior”.

Mesmo com o crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre deste ano, no mesmo período a Despesa de Consumo das Famílias caiu 1,9%. “Esse resultado pode ser explicado pelo comportamento dos indicadores de crédito e mercado de trabalho ao longo do período”, justificou o IBGE.

PIB anualizado

Mesmo com o crescimento de 1% no primeiro trimestre (comparativamente ao quarto trimestre do ano passado) no resultado acumulado nos quatro trimestres terminados em março último (o PIB anualizado) a economia brasileira recuou 2,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

Esta taxa resultou da contração de 2,1% do Valor Adicionado a preços básicos e do recuo de 4,1% nos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. O resultado do Valor Adicionado neste tipo de comparação decorreu dos seguintes desempenhos: agropecuária (0,3%), indústria (-2,4%) e serviços (-2,3%).

PIB em valores de mercado

Em valores de mercado, o Produto Interno Bruto fechou o primeiro trimestre do ano totalizando R$ 1,595 trilhão. Desse total, R$ 1,381 trilhão referem-se ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 213,6 bilhões aos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.

Ainda em valores de mercado, a agropecuária registrou R$ 93,4 bilhões, a indústria R$ 291,1 bilhões e os serviços R$ 996,4 bilhões.

Já entre os componentes da despesa, a Despesa de Consumo das Famílias somou R$ 1,004 trilhão; a Despesa de Consumo do Governo, R$ 307,6 bilhões; e a Formação Bruta de Capital Fixo, R$ 248,6 bilhões.

A taxa de investimento no primeiro trimestre de 2017, ao fechar em 15,6% do PIB, ficou abaixo dos 16,8% observados no mesmo período do ano anterior, enquanto a taxa de poupança foi de 15,7% contra 13,9% do mesmo período em 2016.

Economista explica expansão do PIB

Apesar do crescimento do PIB - 1% no primeiro trimestre deste ano - ainda não é possível afirmar que a recessão acabou. A opinião é da coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, ao falar hoje, no Rio de Janeiro, sobre o desempenho do Produto Interno Bruto do país nos primeiros três meses do ano.

Para a economista, o crescimento se deu contra uma base bastante deprimida e ainda está muito dependente da agropecuária e da extrativa mineral. “Ainda é cedo e acho razoável esperar um pouco mais. Se você observar, [o crescimento] foi contra uma base comprimida por oito trimestres consecutivos de queda e, se olharmos para longe, veremos que a economia encontra-se no mesmo patamar de 2010”, disse.

Ela destacou a contribuição da agropecuária para a expansão do PIB no primeiro trimestre, que chegou a crescer 13,4% em relação ao último trimestre do ano passado.

“A agropecuária tem um peso de apenas 5,4% na economia, não é nada significativo se levarmos em conta que os serviços, que respondem por mais de 70%, ficaram estagnados [0,0%]. [A agropecuária] contribuiu muito este ano com 15% de aumento no valor adicionado, principalmente em razão da safra recorde. Principalmente a soja, mas também o milho e o arroz – ajudaram na exportação”.

Rebeca destacou ainda a contribuição da extrativa mineral, “que também ajudou com desempenho bom, principalmente o petróleo e o minério de ferro. Que, inclusive, estão com os preços internacionais também mais favoráveis e ajudaram no aumento das exportações”, finalizou.

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