Agência Brasil

11 de janeiro de 2011

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

O candidato apontado pela comunidade internacional como vencedor das eleições presidenciais na Costa do Marfim, Alassane Ouattara, está disposto a montar um governo de unidade nacional. Porém, segundo o embaixador da Costa do Marfim na Organização das Nações Unidas (ONU), Youssoufou Bamba, o acordo só seria possível se Laurent Gbagbo efetivamente deixasse a presidência do país.

“O Sr. Gbagbo tem apoiadores, gente competente em seu partido. Estamos preparados a trabalhar junto com essas pessoas, em um gabinete de ampla composição”, disse o diplomata no programa de TV Hardtalk, da BBC de Londres. “Ele foi derrotado, tem que admitir isso. O resto é negociável”, acrescentou.

Bamba foi apontado para o posto por Ouattarra que, mesmo sem assumir a chefia do governo, nomeou um ministério logo depois das eleições, em 28 de novembro. De acordo com os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral, ele foi o vencedor. Mas o governo contestou, alegando fraude, e a Justiça reverteu o resultado, dando vitória a Gbagbo.

Desde então, órgãos multilaterais como a ONU e a União Africana pressionam Gbgabo a deixar o poder. Ele resiste, alegando que a decisão da Corte Constitucional é soberana e acusando a comunidade internacional de tentar interferir em questões internas da Costa do Marfim. Além da Justiça, Gbagbo tem o apoio das Forças Armadas marfinenses.

Líderes de outros países africanos já visitaram a Costa do Marfim duas vezes, na tentativa de acabar com o impasse político. Na semana passada, a comitiva formada pelos presidentes de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, de Cabo Verde, Pedro Pires, e do Benim, Bon Yayi, além do primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, esteve em Abdijan, em reuniões com os dois candidatos. Ao final dos encontros, disseram apenas que “as negociações continuavam”.

De acordo com a ONU, pelo menos 200 pessoas morreram desde o início da crise política. Mais de 20 mil marfinenses fugiram do país temendo nova guerra civil. A eleição, esperança da volta da estabilidade, ocorreu dez anos depois da última escolha direta dos líderes do país.

Gabgbo manteve-se cinco anos no cargo sem mandato efetivo, porque não havia condições de realizar eleições. Em 2000, houve uma tentativa de golpe para derrubá-lo. Dois anos depois, estourou uma guerra civil entre o Sul e o Norte da Costa do Marfim. Diferenças étnicas também acirram os ânimos. Desde então, o governo central não retomou o controle completo sobre o Norte do país.

Nos últimos dias, 33 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas na área de Duekoue, em um conflito entre tribos Dioula e Guere, de acordo com dados da ONU. Centenas de moradores deixaram suas casas, buscando abrigo nas igrejas da região.

Fontes editar