Agência VOA

Presidente americano reúne-se com primeiro-ministro etíope e fala à União Africana. Obama pede mais liberdade para jornalistas e oposição na Etiópia e no Quénia defendeu mais combate à corrupção.

27 de julho de 2015

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Barack Obama encontrou-se nesta segunda-feira, 27, como primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, na primeira visita de um presidente norte-americano ao país, que tem uma das principais economias emergentes da África, mas que é criticado pelo seu historial de violação dos direitos humanos.

"A minha mensagem para o povo da Etiópia é que à medida que avançam no desenvolvimento do vosso país, os Estados Unidos estarão ao vosso lado", disse Obama na conferência de imprensa com Hailemariam Desalegn.

Obama, que chegou a Addis Abeba no domingo proveniente do Quénia, pretende discutir com as autoridades etíopes formas de combater o grupo terrorista Al Shabaab, com base na Somália, e impulsionar os laços comerciais.

O Presidente americano vai discursar numa reunião especial da União Africana onde abordará, também, o terrorismo, a crise no Sudão do Sul e as relações comerciais entre os Estados Unidos e África.

"Estamos bastante comprometidos na parceria com os países africanos para aumentar as suas capacidades de enfrentar ameaças imediatas impostas por organizações terroristas", informou a Casa Branca num comunicado divulgado nesta segunda-feira.

A presidente da Comissão da União Africana (UA), a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, considerou esta visita "histórica" e "um passo concreto para ampliar a aprofundar as relações entre a UA e os Estados Unidos".

Pedidos de Obama

O Presidente Barack Obama disse, nesta segunda-feira, 27, em Addis Abeba, que os Estados Unidos e a Etiópia são “parceiros fortes” em muitos assuntos, mas defendeu que o Governo etíope dever permitir que os jornalistas e a oposição trabalhem mais livremente.

A abertura de espaço para os jornalistas e oposição “irá fortalecer mais do que inibir” a agenda do partido no poder, disse Obama numa conferência de imprensa, após conversações que considerou “francas” com o primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn.

No encontro, Obama e Desalegn destacaram o desenvolvimento económico, a democratização da Etiópia, o combate ao terrorismo e questões sobre o Sudão do Sul e Somália.

Obama elogiou o crescimento económico da Etiópia, que libertou milhões de pessoas da pobreza extrema e destacou o papel vital desse país no combate ao grupo islâmico al-Shabab.

Aliás, os Estados Unidos consideram a Etiópia um aliado importante no combate ao grupo extremista al-Shabab e na estabilização da Somália.

Por sua vez, o primeiro-ministro Hailemariam Desalegn afirmou que a Etiópia está comprometida em melhorar os direitos humanos e a governação: "O nosso compromisso com a democracia é real, não é superficial”, garantiu.

Obama disse aos jornalistas que se orgulha por ser o primeiro Presidente dos Estados Unidos a visitar a Etiópia e que o acontecimento realça a importância que a sua Administração dá a este país e a toda África.

Antes do encontro, grupos de direitos humanos pediram ao presidente Obama para exigir reformas na Etiópia, onde o partido no poder ocupa 100 por cento dos assentos parlamentares e mantém um cerco apertado à imprensa.

Na conferência de imprensa, Obama afirmou que a situação no Sudão do Sul está a “piorar cada vez mais” e que os Estados Unidos e os países da África Oriental irão discutir formas de se alcançar um acordo de paz.

O governante disse que o presidente do Sudão e os líderes da oposição teimam em olhar para os seus próprios interesses e não os do país.

Durante a estada em Adis Abeba, Obama vai se encontrar com os líderes do Quénia, Etiópia, Uganda e União Africana para discussões em torno da guerra civil no Sudão do Sul.

Ainda em Adis Abeba, na terça-feira, 28, o Presidente Obama visitará a sede da União Africana, antes do regresso a Washington.

Entretanto, a Casa Branca anunciou que os Estados Unidos tencionam disponibilizar pelo menos 40 milhões de dólares americanos para apoiar o combate ao extremismo na África oriental.

A esse montante são acrescidos 465 milhões propostos para a formação, apetrechamento e capacitação para conter o extremismo no continente.

Esta ajuda surge numa altura em que funcionários da Casa Branca condenam o ataque a bomba, domingo, ao Jazeera Hotel, em Mogadíscio, que matou pelo menos 13 pessoas.

Antes da Etiópia, Obama visitou, durante dois dias, o Quénia, a terra natal do seu pai, onde foi chamado "filho de casa".

Em Nairobi, Obama elogiou as conquistas desde a independência em 1963, entre as quais o fim do regime monopartidário e a eliminação da violência tribal e étnica de 2007.

"O povo do Quénia escolheu não ser conhecido pelos ódios do passado (…) escolheu uma história melhor,” disse Obama.

Para o Presidente americano, o sucesso do Quénia depende de três pilares cruciais: "uma governação democrática forte e transparente, desenvolvimento económico universal, e forte sentido de identidade nacional que rejeita conflitos para se ter um futuro de paz e reconciliação”.

Ele apelou o país para cada vez mais combater a corrupção. “Cada xelim (a moeda do Quénia) pago como suborno poderia estar no bolso de alguém que faz o seu trabalho diário honestamente”, lembrou o Presidente.

Nas suas intervenções, Obama deu especial atenção à igualdade de género.

Para ele, “o Quénia não terá sucesso se tratar as meninas e mulher como cidadãs de segunda classe”.

Fontes