Agência VOA

29 de dezembro de 2011

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Assinala-se este mês o 20º aniversário do colapso da União Soviética. Uma oportunidade para se avaliar as reformas internas introduzidas por Mikhail Gorbachev, o último líder soviético, reformas que levaram à queda da União Soviética.

No dia 11 de Março de 1985, Mikhail Gorbachev foi eleito secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética. Com 54 anos de idade, tornou-se no mais jovem membro do Bureau Político que, posteriormente, votou a favor da sua nomeação para a chefia do Estado.

Archie Brown, um académico russo e professor emérito da Universidade de Oxford, na Inglaterra, afirma que que havia a ideia de que Gorbachev seria um líder soviético diferente. Diz Brown: “Ele era, nessa altura, o único reformista no Bureau Político. E não foi nomeado por ser reformista, mas porque três outros líderes idosos, anteriormente indigitados, morreram numa rápida progressão e Gorbachev demonstrava energia física e intelectual. E as pessoas imaginavam que ele pudesse vir a ser um modernizador, mas nunca ninguém imaginou que ele fosse um reformador radical”.

Nos seis anos que se seguiram, Gorbachev instituiu reformas que iriam dramaticamente mudar o curso da história e, em última análise, levar à queda da União Soviética.

Na frente interna, Gorbachev embarcou numa série de políticas que designou por “Glasnost” e “Perestróika”.

John Parker é um perito em questões russas na Universidade Nacional de Defesa: “Glasnost” é, basicamente, vamos falar dos nossos problemas, não vamos esconder nada debaixo do tapete. E a imprensa soviética foi inundada com todo o tipo de artigos que nunca ninguém havia pensado ver publicado na velha União Soviética. E “perestroika” quer dizer temos que mudar as coisas. E toda a gente sabia que as coisas teriam que mudar.”

As reformas de Gorbachev afectaram todos os sectores da sociedade soviética. Entre estas, contou-se o levantamento de algumas restrições à imprensa, o fim da perseguição ao clero e registaram-se progressos no âmbito da lei e da ordem.

Archie Brown afirma que uma abertura drástica se deu com a libertação dos prisioneiros e dos exilados políticos, incluindo a do Prémio Nobel da Paz, Andrei Sakharov.

Sakharov recebeu uma chamada telefónica directamente de Gorbachev, em Dezembro de 1986. Aquele exilado político não tinha telefone em casa, no seu exílio interno em Gorki. E quando lhe foi instalado um telefone Sakharov compreendeu que algo se estaria a passar.

Analistas políticos afirmam que uma instituição que Gorbachev foi incapaz de reformar foi o Partido Comunista Soviético. Observa Brown: “O aparelho do partido, os burocratas do partido eram, na sua maioria, comunistas conservadores e não responderam de todo às mudanças de Gorbachev. E estavam muito descontentes relativamente às contestadas eleições. E muitos desses elementos apoiaram a realização de um golpe contra Gorbachev, em Agosto de 1991”.

O golpe falhou. Mas, quatro meses mais tarde, em Dezembro de 1991, Mikhail Gorbachev demitiu-se de líder da União Soviética, vítima (dizem muitos peritos) das forças que ele, eventualmente, não pode controlar, forças que levaram também ao colapso do comunismo da Europa do Leste e ao desmembramento da União Soviética.

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