Agência VOA

24 de junho de 2008

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O secretário-geral da ONU e o Conselho de Segurança apelaram ao governo do Zimbábue para pôr fim à sua campanha de violência e de intimidação, sublinhando que se tornou impossível realizar, de uma forma livre e justa, o segundo turno das eleições presidenciais marcadas para esta sexta-feira.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou ao presidente Robert Mugabe para travar a vaga de violência e de intimidação que se tem feito sentir no país, na sequência das contestadas eleições presidenciais de 29 de março.

O secretário-geral disse, durante uma conferência de imprensa, realizada na segunda-feira, que não existem condições para se efetuarem eleições livres e justas, tendo exortado as autoridades zimbabueanas para adiar as eleições de sexta-feira, afirmando que estas apenas irão agravar as divisões no país. Disse Ban Ki-moon: “Tem havido demasiada violência, demasiada intimidação. Uma votação realizada em semelhantes condições terá falta de legitimidade.”

No domingo, o rival político de Mugabe, Morgan Tsvangirai, anunciou a sua retirada do segundo turno das eleições presidenciais, afirmando que a violência contra os seus apoiadores tornou impossível a realização da votação. Tsvangirai procurou, entretanto, refúgio no edifício da embaixada dos Países Baixos em Harare.

Pela primeira vez desde as eleições de 29 de março, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se, na segunda-feira, à tarde e noite, para consultas sobre a situação no Zimbábue.

Os representantes dos 15 países membros do Conselho manifestaram-se divididos sobre um possível envolvimento da ONU nas eleições no Zimbábue. Nomeadamente, dois dos principais parceiros comerciais do país – a África do Sul e a China, ambos membros do Conselho – resistiram em colocar a questão perante aquele órgão das Nações Unidas.

Depois de laboriosas negociações e de correções na linguagem do texto inicial, o Conselho concordou, por unanimidade, na divulgação de um comunicado condenando a campanha de violência contra a oposição política no Zimbábue, afirmando que esta “tornou impossível que eleições livres e justas possam ter lugar a 27 de junho”. O Conselho expressou ainda opinião de que os resultados da votação original, que teve lugar a 29 de março, e nas quais Morgan Tvsangirai derrotou o presidente Mugabe, têm que ser respeitados.

O embaixador americano junto da ONU, Zalmay Khalilzad, que assume a presidência rotativa do Conselho, este mês, disse que o governo do Zimbábue criou uma crise política e humanitária.

Disse Khalilzad: ”A combinação da crise humanitária e da crise política criou circunstâncias que não só constituem uma ameaça ao povo do Zimbabwe, mas também para a paz e estabilidade de toda a região. Por conseguinte, o Conselho de Segurança irá manter-se atento a esta questão.”

O embaixador do Zimbábue junto da ONU, Boniface Chidyausiku, participou na sessão e disse, posteriormente, que o Conselho de Segurança não pode “micro-gerir” as eleições em qualquer país que seja. E adiantou que o segundo turno vai se realizar, como previsto, na sexta-feira, não dando importância à violência generalizada e à intimidação, afirmando que as notícias divulgadas pelos media internacionais não refletem a realidade no país.

Fontes