Agência VOA

Mogadíscio, Somália • 11 de maio de 2009

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Pelo quinto dia consecutivo, rebeldes islamitas de linha dura trocaram tiros com tropas governamentais e milícias pró governamentais.

Os rebeldes dispararam morteiros contra o palácio presidencial e atacaram uma base das tropas da União Africana, provocando um número indeterminado de mortos.

Os confrontos que tiveram inicio na passada quinta feira, foram os mais violentos a que Mogadíscio já assistiu em várias semanas, fazendo com que a atividade na capital ficasse praticamente paralisada. Testemunhas referem que os confrontos causaram ferimentos em quase 200 pessoas e levaram a maior parte das pessoas a deixar a cidade desde o inicio deste ano.

Os rebeldes islamitas das milícias Al-Shabab e Hizbul Islam trocaram fogo de metralhadora e de morteiro com soldados governamentais e milicianos pró-governamentais. Os confrontos concentraram-se no norte da cidade e ontem domingo um morteiro atingiu uma mesquita, matando pelo menos 14 pessoas.

O ministro da Informação somali, Farhan Mohamoud, desmentiu as afirmações de que Al-Shabab assumiu o controlo de vários pontos da cidade, incluindo o estádio nacional, o ministério da Defesa e uma esquadra da polícia, e responsabilizou combatentes estrangeiros pela violência:

Grupos que se opõem a paz atacaram bases governamentais e centros sociais somalis, acrescentando que os rebeldes desejam entregar o país a estrangeiros.

Farhan Mohamoud

Acrescentou que os somalis e a comunidade estrangeira devem compreender que os dirigentes dos combatentes são estrangeiros.

Al-Shabab em particular, tem laços com a rede terrorista Al-Qaida, apesar de sempre negar a ligação, os governos ocidentais tem manifestado preocupação com o facto de terroristas estrangeiros utilizarem a Somália, a maior parte da qual sob controlo da Al-Shababa, como santuário.

O governo somali tem o apoio internacional, mas possui pouco controlo no terreno. Sob a presidência de Sharif Sheikh Ahmed, um islamita moderado e um antigo dirigente rebelde, o governo tem tentado reconciliar-se com as outras facções islamitas, mas prometeu adoptar uma posição dura, na medida que os rebeldes continuam a realizar ataques.

Um dirigente Al-Shabab, Dheere Mohamoud indicou que o governo se encontra hipotecado aos apoiantes internacionais:

Os meios de informação referem que os confrontos são entre combatentes islâmicos, disse ele, mas isto está errado. Regista-se entre combatentes islâmicos e apóstatas que trabalham para as tropas do Uganda e do Burundi que ajudam os governos americano e ocidentais. O seu objectivo é o de erradicar os muçulmanos da Somália.

Dheere Mohamoud

Quatro jornalistas ficaram feridos quando uma granada de morteiro atingiu um edifício onde Mohamud dava uma conferência de imprensa.

Cerca de 4.300 elementos de pacificação do Uganda e do Burundi encontram-se instalados na capital, mas sem pessoal suficiente, tem tido pouco êxito em conter a violência, tornando-se cada vez mais um alvo para os rebeldes, particularmente desde que as tropas Etíopes retiraram do país em janeiro passado.

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