27 de março de 2023
Os cientistas dizem que um exame de imagens antigas oferece novas pistas de que o planeta Vênus é vulcanicamente ativo.
As imagens foram captadas por radar há mais de 30 anos pela sonda espacial Magellan da NASA.
A NASA diz que Magellan foi uma de suas "missões espaciais de maior sucesso". A espaçonave foi a primeira a obter imagens de toda a superfície de Vênus durante uma missão de cinco anos que começou em 1989 e também fez outras descobertas sobre o planeta.
Os cientistas relataram suas novas descobertas em um estudo publicado na revista Science.
Já se pensava que a área de Vênus estudada pela equipe tivesse atividade vulcânica, mas o novo estudo sugere que o exame das imagens produziu a primeira evidência direta de atividade vulcânica mais recente no planeta.
Os pesquisadores analisaram imagens capturadas por Magellan na década de 1990, mostrando crateras vulcânicas na superfície de Vênus que pareciam mudar de forma e tamanho em menos de um ano.
É importante que os cientistas estudem vulcões ativos para entender melhor o que está acontecendo abaixo da superfície do planeta, disse a NASA em um comunicado.
A atividade vulcânica pode afetar muito a forma como um planeta cresce e se desenvolve ao longo do tempo.
Robert Herrick é um professor pesquisador da Universidade do Alasca em Fairbanks e um dos líderes de uma equipe que se prepara para uma próxima missão da NASA a Vênus. A missão consistirá em uma cápsula orbital chamada VERITAS, que deverá ser lançada dentro de 10 anos.
A NASA diz que a cápsula estudará Vênus da superfície ao seu núcleo, em um novo esforço para analisar este planeta quase do tamanho da Terra.
Herrick disse por escrito que a missão VERITAS foi o que o levou a procurar por qualquer atividade vulcânica recente nas antigas imagens.
As mudanças que a equipe descobriu foram em uma área de Vênus chamada Alta Regio, perto do equador do planeta, onde estão localizados dois de seus maiores vulcões.
Os pesquisadores disseram que as imagens de radar obtidas pelo Magellan mostraram que uma abertura de superfície com cerca de um quilômetro e meio de largura se expandiu e mudou de forma durante um período de oito meses em 1991. A abertura é em Maat Mons, o maior vulcão de Vênus.
Uma imagem de fevereiro de 1991 mostrou a fumarola como uma formação circular de cerca de 2,6 quilômetros quadrados. Outra imagem de outubro de 1991 mostrou a abertura como uma formação irregular cobrindo 3,9 quilômetros quadrados.
Herrick disse que as imagens oferecem novas evidências de mudanças vulcânicas na superfície do planeta, mostrando claramente que a abertura cresceu e mudou de uma forma circular para uma forma quase plana.
Ele acrescentou que o exame das imagens sugere que uma grande quantidade de magma entrou em uma área abaixo da abertura em um colapso de rocha, resultando na formação de uma ampla área irregular provavelmente criada por atividade vulcânica.
A área "ainda tinha um lago de lava ativo quando a segunda imagem foi tirada", explicou Herrick.
Scott Hensley, um cientista de tecnologia de radar do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA na Califórnia, disse à Reuters que o colapso pode não ter sido relacionado à atividade vulcânica, mas ele acha que neste caso é a melhor explicação para as mudanças observadas nas imagens antigas.
As novas descobertas foram possíveis graças aos avanços nas tecnologias de imagem nos últimos anos.
Os dados sugerem que podem haver erupções vulcânicas regulares em Vênus, algo semelhante ao comportamento de alguns vulcões na Terra no Havaí, nas Ilhas Canárias e na Islândia.
Fontes
- ((es)) Bryan Lynn. Nueva evidencia sugiere que Venus tiene actividad volcánica — Voz da América, 27 de março de 2023
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