Agência Brasil

Panamá • 11 de dezembro de 2011

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Depois de mais de duas décadas em prisões nos Estados Unidos e na França, o ex-presidente do Panamá, Manuel Antonio Noriega, de 77 anos, volta hoje (11) para seu país onde enfrentará novas condenações. Anteontem (9) um protesto na Cidade do Panamá (capital do país) reuniu milhares de pessoas, vestidas de branco, que pediam a prisão de Noriega (1983-1989).

“Exigimos justiça, prisão para o assassino”, dizia um dos cartazes no protesto. O ex-presidente é acusado de assassinatos e torturas, além de narcotráfico e lavagem de dinheiro. Há uma cela pronta para ele, no Centro Penitenciário El Renacer, na Cidade do Panamá. Porém, Noriega tem direito a pedir o benefício de prisão domiciliar, previsto em lei, pois tem mais de 72 anos.

A viagem de Noriega foi organizada em conjunto pelo Panamá e pela França. Médicos franceses e panamenhos deram um parecer ontem sobre o estado de saúde do ex-ditador. No último dia 23, a Justiça da França aprovou a extradição de Noriega.

Noriega foi deposto durante a invasão norte-americana de 1989 e condenado nos Estados Unidos e na França por tráfico de drogas. Na França, ele ficou preso por envolvimento em crime de lavagem de dinheiro referente ao narcotráfico, no valor de 2,3 milhões de euros.

No Panamá, ele foi condenado a mais 20 anos de prisão pela morte de opositores. No mês passado, em Paris, Noriega pediu para retornar ao Panamá "sem ódio nem rancor". "Meu propósito é retornar ao Panamá e demonstrar minha inocência, pois aconteceram julgamentos na minha ausência, sem assistência jurídica", disse ele.

Há três meses, a Justiça da França rejeitou o terceiro pedido do Panamá para a extradição de Noriega pela morte do sindicalista Heliodoro Portugal. Porém, a França tinha aprovado o primeiro pedido de extradição apresentado pelo Panamá pelo assassinato, em 1985, do opositor do regime Hugo Spadafora.

Preso nos Estados Unidos de 1990 a 2010, Noriega foi extraditado para a França no ano passado. Ele governou o Panamá no período de 1983 a 1989. O atual governo panamenho exige a extradição do ex-presidente para que ele cumpra pena por crimes, inclusive o desaparecimento de vários opositores, como Spadafora, encontrado decapitado.