Agência VOA

30 de agosto de 2014

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

No momento em que o vírus do ébola alastra-se pela África Ocidental, alguns nigerianos estão a resistir à ideia de construir unidades de isolamento dos doentes na sua vizinhança.

Em muitas partes da Nigéria, os residentes dizem que têm mais medo do ébola do que do Boko Haram, o grupo extremista islâmica que já matou vários milhares de pessoas só este ano.

Na cidade nortenha de Kaduna, onde o Boko Haram atacou várias vezes, centenas de pessoas protestaram contra a ideia de transformar uma clinica local num centro de tratamento do ébola. Muitos empunhavam cartazes dizendo: “Não queremos ébola no nosso hospital”.

Danjuma Musa é um líder religioso de Down Quarters, onde está localizada a clinica: “Eles estão a dizer que não a querem aqui. Não quer dizer que o Governo não deva fazer o que deve. É contra a sua localização aqui que nos opomos”.

Anteontem (28), o ministro nigeriano da Saúde Onyebuchi Chukwu afirmou que o Governo deve preparar-se para um surto alargado e que aquelas objecções não passam de um medo irracional.

A Nigéria registou 15 casos de ébola e seis óbitos desde a chegada da doença ao país em Julho. O surto está entretanto a acelerar com 40 por cento dos novos casos registados nos últimos 21 dias.

Chukwu afirma que os residentes de Kaduna e de outras localidades que se oopuseram aos centros de tratamento de ébola não correm perigo visto que os pacientes não entrarão em contacto com ninguém fora do hospital.

Entretanto, os manifestantes não temem apenas ser infectados. Os nigerianos estão a assistir pela televisão às terríveis imagens provenientes de Monróvia, na Libéria, onde a quarentena forçada de bairros inteiros causou confrontos entre soldados e os residentes.

Em Kaduna, onde milhares de pessoas morreram em confrontos nas duas últimas décadas, os comícios e manifestações públicas estão proibidos. Mesmo assim muitos residentes desceram à rua por causa dos planos para a criação de centros de tratamento do ébola e dizem que os mesmos desencadeariam mais manifestações e violência.

Fonte