4 de novembro de 2022

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A escalada de candidatos à direita compondo a Câmara dos Deputados e o Senado Federal pode ocasionar desafios na governabilidade do próximo presidente. O governo de transição começou ontem (3), com reuniões entre os líderes dos dois governos, que já sinalizam para os 513 deputados federais que compõem a Casa. Dentre eles, 237 estão alinhados com vieses de direita, 141 à esquerda e 135 do centrão. O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin será o responsável pela ponte entre o atual governo e o próximo, durante um período de dois meses.

O professor Glauco Peres, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, explica que a composição de um Congresso mais à direita é reflexo da votação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e um dificultador na governabilidade do presidente eleito. Ele adiciona: “No geral os presidentes entram minoritários, e o partido dele nunca é a maior bancada”. A movimentação na Câmara força Lula a negociar e tentar formar uma base de apoio, como em seu primeiro governo, em 2003, em que o Congresso também era “desfavorável”.

Um primeiro desafio para o novo governo será o orçamento anual, já que as propostas de Luiz Inácio Lula da Silva devem caber dentro do teto de gastos, mas com a manutenção de benefícios, como o Auxílio Brasil, isso pode ser um empecilho.

Deve ocorrer o aceno para partidos com ideologias diferentes, que oscilam entre centro e a própria direita. E, aqui, Peres salienta a aproximação com o centrão, que diferentemente dos partidos que possuem ideologias de centro, como o MDB e o PSDB, não segue uma ideologia delimitada e “são pragmáticos ao extremo”. Na opinião dele, Lula precisa se aliar aos partidos de centro ideológico, mas tomar distância dos que compõem o centrão, pois qualquer escândalo de corrupção não será tolerado durante o governo.

Vale ressaltar que há um eleitorado massivo que não desejava a eleição do presidente Lula, e para isso, além das alianças com diferentes partidos, uma política de transparência será necessária. O professor justifica dizendo que, de início, para evitar repercussões negativas, ele deverá contar com uma comunicação clara com a população, com justificativas do que vem sendo feito, bem como as escolhas do Executivo.

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