25 de novembro de 2020

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Maradona com a taça da Copa do Mundo de 1986 em suas mãos

O ex-jogador de futebol e ídolo mundial Diego Armando Maradona - ou simplemente Maradona - morreu hoje na Argentina aos 60 anos de idade, após ter uma parada cardiorrespiratória.

A notícia foi divulgada em primeira mão pelo jornal El Clarín no início desta tarde.

Maradona será velado na Casa Rosada, sede da presidência da Argentina, e o velório será aberto ao público até sábado, estando o funeral marcado para o final de semana.

Em sua homenagem, o presidente da Argentina declarou luto oficial de três dias.

Carreira

Nascido em Lanús, Maradona estreou no futebol na década de 70. Ele participou de quatro Copas (1982, 1986, 1990 e 1994) e foi considerado um dos melhores do mundo, junto a Pelé.

Foi precisamente na Copa de 1986 que ele viveu um de seus momentos históricos, quando fez um gol de mão contra a Inglaterra, que ficou conhecido como La Mano de Dios. Ao final do jogo, questionado sobre o assunto, ele respondeu: "Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios".

Ele também jogou em três grandes clubes: no argentino Boca Juniors, no espanhol Barcelona e no italiano Napoli, nos quais conquistou nove (09) títulos. Em 1988, pelo Napoli, foi o artilheiro do Campeonato Italiano e da Copa da Itália.

Recebeu diversos prêmios individuais, entre eles o de Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA (1986), 3º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000) e Melhor Jogador do Século XX da FIFA (votos de internautas - 2000).

Por ocasião de seu aniversário de 60 anos, no final de outubro, foi anunciado em seu Instagram que sua história seria contada na Amazon Prime Video sob o título "Maradona: Sueño Bendito".

Desavenças com Pelé

Em 2000, ao ser eleito melhor jogador do século pela FIFA por votação na Internet, ele se retirou da festa para não se encontrar com Pelé, que recebeu premiação similar oferecida por votos de jornalistas.

Problemas pessoais e de saúde

Maradona se casou duas vezes, uma delas com Cláudia Villafañe, de quem se divorciou de forma litigiosa e com quem teve duas filhas, Dalma e Gianinna, e a outra com Verónica Ojeda, com quem tem um filho chamado Diego Fernando.

Maradona também teve um filho, Diego Sinagra, e uma filha, Jana, de relacionamentos extraconjugais.

No entanto, seu maior problema foram as drogas. Foi na Copa de 1994 que ele foi pego num exame de doping por ter usado uma substância proibida. "Sentia que havia jogado um partidaço, estava feliz. Veio essa enfermeira a buscar-me e não suspeitei de nada. O único que fiz foi olhar à Claudia [esposa], que estava na tribuna, e lhe fiz um gesto como dizendo-lhe: 'e essa, quem é?'. Estava tranquilo porque havia feito controles [antidoping] antes e durante o mundial e todos davam bem", disse na época.

Em 2000, Maradona iniciou um tratamento contra as drogas em Cuba, após ser internado depois de tomar um coquetel de remédios em Punta del Este, no Uruguai, e quase morrer. Na ilha, se enfureceu e agrediu fotógrafos, tendo quebrado o vidro de um carro com um soco, o que lhe rendeu um processo judicial.

Em abril de 2004 passou mal após assistir uma partida entre Boca Juniors e Nueva Chicago na Bombonera. Internado, foi diagnosticado com problemas cardíacos e infecção pulmonar, constatando-se também overdose de cocaína, o que o fez ficar em coma e necessitar de ventilação mecânica. Semanas depois, em maio, foi internado novamente, chegando a ser sedado e amarrado depois de uma crise pela abstinência de cocaína, após o que decidiu se tratar novamente.

Em 2007 Maradona teve outra recaída, desta vez por abuso de álcool, e acabou internado devido a problemas no fígado.

Seu problema de saúde grave mais recente aconteceu semanas atrás, quando teve que ser operado devido a um coágulo no cérebro. Estava, então, bastante debilitado, necessitando inclusive de ajuda para caminhar.

Repercussão e homenagens

Logo após a sua morte ter sido anunciada, inclusive no Jornal Hoje, que ainda não tinha todas as informações sobre o óbito, as homenagens não tardaram. O ex-jogador Casagrande, que também tem problemas com a dependência de drogas e é comentarista da Globo, entrou ao vivo no jornal, emocionado, para dizer: "cara, assim, estou bem chocado. Não só pelo Maradona, pelo (Fernando) Vannucci ontem (o jornalista morreu de infarto). Está muito difícil. Joguei a mesma época que o Maradona na Itália. (...) Sempre me tratou muito bem. (...) Eu sempre tive preocupação com esse problema da dependência química dele. É a mesma que eu tenho. Eu me tratei e sempre fiquei revoltado com quem estava ao redor dele, porque quem está do lado dele está vendo que está indo para o fundo do poço, se destruindo. E ninguém faz alguma coisa para evitar o que aconteceu hoje. Fico chocado pela perda de um grande jogador, por um cara que eu conheci, gostava muito e por ser um dependente químico. Eu sofro muito quando morre um dependente químico, para mim é muito duro."

Ronaldinho Gaúcho escreveu em seu Twitter: "meus sentimentos à família e a todos que amam este gênio. Meu amigo, meu ídolo, meu número 10, obrigado por cada instante em sua cia, seja em jogos ou num simples jantar. Nossas conversas sempre foram muito especiais. Me inspirou durante minha carreira e, quando te conheci e jogamos aquele futebol 5, foi uma das melhores noites da minha vida. Descanse em paz."

Já o FC Barcelona também usou o Twitter para transmitir uma mensagem de Messi, conterrâneo de Maradona: "um dia muito triste para os argentinos e para o futebol. Diego se foi, mas não nos deixa, porque é eterno. Fico com os belos momentos vividos com ele e queria aproveitar para enviar os meus pêsames aos familiares e amigos. Descanse em paz!"


Referência

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Fontes