Agência Brasil

A Costa Concordia após naufrágio, encontra-se encalhada no lado estibordo, na manhã de ontem (14 de janeiro).

Itália • 15 de janeiro de 2012

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

O número de desaparecidos no naufrágio do cruzeiro Costa Concordia, que encalhou na noite de sexta-feira (13), após se chocar perto da Ilha de Giglio, na Itália, caiu para 17 depois da recontagem. Desse total, 11 são passageiros e seis tripulantes. Anteriormente, se falava em até 50 pessoas desaparecidas, além dos três mortos e de cerca de 40 feridos. O navio levava cerca de 4,2 mil pessoas, incluindo cerca de mil funcionários. A maioria dos turistas era italianos, alemães e franceses.

Segundo o prefeito de Grosseto, Giuseppe Linardi, a contagem entre a lista de ocupantes do navio (oficialmente 4.229 pessoas, das quais mais de 3 mil eram turistas) e os sobreviventes que foram acolhidos numa tenda no porto de Santo Stefano são “complexas”.

“Há muitos estrangeiros e é possível que os nomes estejam mal escritos”, admitiu o prefeito. Por causa da proximidade do local do acidente, os sobreviventes foram socorridos na província de Grosseto.

Linardi citou ainda o caso de dois turistas japoneses, que estavam dados como desaparecidos e que hoje apareceram em Roma.

Entretanto, os socorristas já conseguiram retirar do navio o comissário chefe de bordo, que tinha sido localizado com vida no interior do Costa Concórdia 30 horas depois do acidente.

O homem, que estava numa zona de difícil acesso, foi enviado de helicóptero para um hospital de Grosseto com feridas em várias partes do corpo.

Buscas de sobreviventes e mortos

Três pessoas foram encontradas com vida dentro do navio de cruzeiro Costa Concordia, mais de 24 horas após o naufrágio na costa da Itália. Um casal de sul-coreanos em lua-de-mel foi retirado da embarcação na madrugada deste domingo. O terceiro sobrevivente foi um tripulante, localizado somente pela manhã e retirado no início da tarde, com uma suspeita de fratura na perna.

Também havia 53 brasileiros a bordo, sendo 47 passageiros e seis tripulantes. Segundo o Itamaraty, todos sobreviveram e estão a caminho de Roma ou Milão para providenciar documentos e voltar ao Brasil.

Mergulhadores continuam tentando vasculhar as partes submersas do navio, que tombou lateralmente próximo à ilha de Giglio. A embarcação, operada pela empresa Costa Crociere, havia deixado o porto de Civitavecchia na manhã de sexta-feira para um cruzeiro de uma semana pelo mediterrâneo.

O presidente da Costa Crociere, Gianni Onorato, afirmou que o principal foco da companhia era dar assistência aos sobreviventes e levá-los de volta aos seus países. Ele afirmou ser difícil determinar o que aconteceu, mas afirmou que o navio sofreu um blecaute após se chocar com "uma grande pedra".

A maioria dos sobreviventes foi levada no sábado a Porto Santo Stefano, já na porção continental da Itália, a 25 quilômetros de Giglio.

Até o momento, foram confirmadas três mortes no naufrágio (dois passageiros franceses e um turista peruano). Cerca de 40 pessoas ainda estão desaparecidas e 30 ficaram feridas, duas delas com gravidade.

Capitão detido

O capitão do Costa Concordia foi detido ontem para interrogatório, enquanto a polícia italiana investiga como ocorreu o acidente, apesar das condições tranquilas do mar no momento do acidente.

O capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, negou hoje (15) as acusações de que teria deixado a embarcação sem prestar auxílio aos outros ocupantes e afirmou que só deixou o navio após terminar o processo de evacuação.

Schettino, de 52 anos, foi detido pela polícia italiana para interrogatório no sábado. Ele está sendo investigado sob a acusação de homicídio e de não prestar auxílio aos passageiros.

O navio de cruzeiro Costa Concordia naufragou na noite de sexta-feira (13), com cerca de 4.200 pessoas a bordo, incluindo mil tripulantes.

Em uma entrevista transmitida pela TV italiana, Schettino foi questionado se seguiu a regra máxima de que "o capitão é o último a deixar o barco". "Fomos os últimos a deixar o navio", ele respondeu às autoridades policiais.

O capitão disse ainda que, de acordo com as informações de que dispõe, as rochas que provocaram a ruptura do casco do navio e seu afundamento não teriam sido detectadas pelo sistema de navegação automática da embarcação. Segundo ele, as cartas náuticas não indicariam a presença de rochas no local. "Não deveríamos ter tido esse impacto."

O presidente da Costa Crociere, empresa operadora do navio, Gianni Onorato, disse que o capitão teria feito uma manobra com a intenção de proteger os passageiros e os tripulantes, mas que ela não foi bem sucedida por causa da rápida inclinação do navio após o impacto.

Brasil

Grupos de brasileiros que sobreviveram ao naufrágio na Itália retornam ainda hoje (15) ao Brasil. Segundo o cônsul geral-adjunto em Milão, Antônio Luz, 26 brasileiros que perderam os documentos procuraram o consulado brasileiro em Milão ontem (14). Desse total, 24 receberam a Autorização de Retorno ao Brasil (ARB). De acordo com Luz, hoje, mais dois brasileiros receberam a ARB. Segundo o cônsul, entre os brasileiros que voltam ao Brasil, 17 são membros de uma mesma família de Fortaleza. Eles foram para Lisboa hoje, de onde embarcam para o Brasil. Dois brasileiros preferiram esperar até amanhã, no horário de expediente, para que sejam emitidos passaportes e eles possam continuar a viagem pela Europa.

O engenheiro civil João Squeff, um dos brasileiros a bordo do navio que naufragou na costa da Itália, afirmou que viveu uma das experiências mais terríveis de sua vida. Acompanhado da mulher, Roselane, e dos dois filhos, Ayke, 18 anos, e Krystal, 12 anos, ele desembarcou no início da noite de hoje (15), em Brasília.

Segundo Squeff, no dia do acidente, na última sexta-feira, eles sentiram um impacto muito forte no navio, a luz se apagou e a embarcação começou a balançar de um lado para o outro. “A Costa [Cruzeiros] dizia que não tinha problema nenhum, que era uma falha elétrica. Aos poucos, fomos percebendo que a situação era muito grave”, contou.

Ele e a família conseguiram reunir algumas roupas, um pouco de dinheiro e o cartão de crédito antes de sair do navio, por meio de botes. Mas, do outro lado da embarcação, a situação não foi tão tranquila, segundo Roselane. De acordo com ela, muita gente se machucou porque vidros quebraram nas lojas e no restaurante. Além disso, houve dificuldade para baixar os botes na água.

Eles também contaram com a ajuda da população local, que entregou toalhas e lençóis. O consulado brasileiro também prestou apoio para quem perdeu documentos. A família reclama, entretanto, da empresa responsável pelo navio, a Costa Cruzeiros. “Eles [da Costa] estavam muito confusos”, disse Roselane.

O filho do casal, Ayke, descarta a possibilidade de repetir a experiência e de fazer uma nova viagem de navio. “Nunca mais. Na hora, passa na cabeça que você vai morrer.”.

Histórico

O cruzeiro levava cerca de 4,2 mil pessoas e tombou na noite de sexta-feira (13), perto da Ilha de Giglio. A maior parte dos passageiros era proveniente da Itália, da Alemanha e da França. Também havia 53 brasileiros a bordo, sendo 47 passageiros e seis tripulantes. Segundo o Itamaraty, todos os brasileiros sobreviveram. Até o início da tarde, eram contabilizadas cinco mortes devido ao naufrágio.

Notícia Relacionada

Fontes