Agência Brasil

Rio de Janeiro, RJ, Brasil • 17 de dezembro de 2011

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Morreu na manhã de hoje (17), no Rio de Janeiro, o ator e diretor Sérgio Britto aos 88 anos. Ele estava internado há um mês no Hospital Copa D'Or por causa de problemas cardio-respiratórios.

Brito foi uma das personalidades mais importantes na história do teatro brasileiro. Atualmente, apresentava na TV Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o programa Arte com Sérgio Britto.

Sérgio Britto foi o criador, diretor e ator do Grande Teatro Tupi, que foi ao ar por mais de dez anos na extinta TV Tupi.

O ator e diretor foi responsável pela direção de Ilusões Perdidas, primeira telenovela produzida e exibida pela TV Globo. Mas a grande consagração foi com o teatro, onde recebeu diversos prêmios. Em 2010, lançou a auto-biografia O Teatro e Eu.

O velório do corpo de Sérgio Britto ocorrerá na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, no início da tarde, e o enterro será amanhã (18), no Cemitério São Francisco Xavier, às 11h.

Biografia

 
Sérgio Britto em 2011

O dramaturgo Sérgio Pedro Corrêa de Britto abandonou o 6º ano do curso de medicina, em 1945, aos 22 anos, para dedicar-se exclusivamente ao teatro amador. Não chegou a buscar o diploma, mas costumava dizer que a experiência da época em que praticou a medicina, em hospitais e emergências, serviu de laboratório para a carreira de ator.

Em 1965, dirigiu a primeira novela da TV Globo, Ilusões Perdidas, e a Muralha, de Ivany Ribeiro, em 1968, além de atuar em dezenas de outros folhetins televisivos. Mas o teatro foi sua grande paixão e onde seu talento e genialidade afloraram. Dirigiu ou atuou em mais de 100 peças.

Britto foi um dos fundadores do Teatro dos Sete, em 1959, ao lado de Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, grupo que lançou obras consagradas e polêmicas como O Mambembe, de Artur Azevedo, e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.

Em 1978, construiu o Teatro dos Quatro, na Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro, cuja primeira peça foi Os Veranistas de Górki, dirigida por ele, com cenário de Hélio Eichbauer e atuação de Ítalo Rossi, Luís de Lima, Renata Sorrah, entre outros consagrados artistas da época. Lá, montou e apresentou dezenas de peças antes de vendê-lo em 2007. Hoje, o local continua sendo um dos maiores centros de produção teatral do país.

O dramaturgo chegou a dirigir algumas óperas como a La Traviata e O Guarani e aos 80 anos, atuou em musicais como Ai, Ai, Brasil e produziu e interpretou o monólogo Sérgio 80, em que falava de suas experiências no universo teatral brasileiro. No ano passado, o dramaturgo lançou o livro O Teatro e Eu, com um balanço de seus 65 anos de carreira.

Na TV Brasil, há 12 anos, o ator apresentava o programa semanal Arte com Sérgio Britto, em que o artista abordava temas sobre teatro, cinema e literatura, fazia críticas sobre peças e filmes que estão em cartaz e entrevistava personalidades do meio teatral e cinematográfico brasileiro.

Considerado um dos criadores do teatro brasileiro, o crítico de arte, autor, diretor, roteirista, cinéfilo Sérgio Britto não casou e nem teve filhos, mas deixou na manhã deste sábado (17) órfãos de diferentes gerações do teatro brasileiro sem nenhum hedeiro.

Reações

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) divulgou hoje (17) nota em que lamenta a morte do ator, apresentador e dramaturgo Sérgio Britto. "A morte na manhã deste sábado causou grande consternação”, diz o texto.

Na TV Brasil, ele apresentava o programa Arte com Sérgio Britto. O presidente da EBC, Nelson Breve, toda a direção da empresa e funcionários expressaram solidariedade e votos de profundo pesar a toda a família do ator.

“O Brasil perde um de seus mais extraordinários atores. A EBC e a TV Brasil se entristecem com a perda de seu mais ilustre apresentador, de um programa que tão perfeitamente representa a importância da comunicação pública em nosso país”, informa a nota.

Dezenas de pessoas, entre parentes, amigos e fãs, estiveram no velório do ator e diretor Sérgio Britto, na tarde de hoje, na Assembleia Legislativa do Rio. Ele estava internado há um mês no Hospital Copa D'Or por causa de problemas cardio-respiratórios.

A atriz Fernanda Montenegro foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local. “[Sérgio Britto] era um homem excepcional. Viveu uma grande vida. Neste país tão caótico, do ponto de vista ético e comportamental, ele é uma liderança. Não foi uma liderança, ele é uma liderança”, destacou a atriz.

Fernanda Montenegro lembrou das companhias de teatro as quais liderou com o dramaturgo, como o Teatro dos Sete, em 1959, e o Teatro Tupi, em que contracenou com Britto durante dez anos semanalmente. Ela destacou a generosidade e honestidade do ator durante os mais de 60 anos de amizade. “Sérgio sempre passava por cima de algumas desavenças, nunca vi uma atitude persecutória de sua parte.”

Na TV Brasil, o ator apresentava o programa semanal Arte com Sérgio Britto, em que abordava temas sobre teatro, cinema e literatura, fazia críticas sobre peças e filmes que estão em cartaz e entrevistava personalidades do meio teatral e cinematográfico brasileiro. Para Montenegro, o programa deveria continuar por sua importância na divulgação da cultura. “Ele atendeu, com esse programa, a todas as manifestações culturais. Acho que o programa deveria continuar com o nome dele, [mostra a] integração tão forte do Sérgio com a cultura do nosso país.”

“Sérgio Britto deixa um buraco enorme em nossas vidas e no teatro brasileiro. Não posso dizer que seja insubstituível, mas será difícil que nasça alguém com tanta importância e valor para o teatro brasileiro”, ressaltou o bancário e ator amador Lucas Souza, que compareceu ao velório para prestar as últimas homenagens a Britto, de quem diz ser o maior fã.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decretou luto de três dias pela morte do dramaturgo e, em nota, declarou que Britto foi um dos maiores atores da história da dramaturgia brasileira. “Culto, elegante, sarcástico, explorou todos os canais de comunicação para a sua arte. Entretanto, no teatro foi o maior.”

Também em nota, o prefeito Eduardo Paes declarou que "o Rio de Janeiro hoje amanheceu mais triste com a perda de dois ilustres e queridos "cariocas". "Um dos mais completos artistas da dramaturgia brasileira, o ator e diretor Sérgio Britto, que nasceu no Rio, dedicou sua vida às artes e, em especial, aos palcos”, diz a nota que acrescenta que a história de Britto se confunde com a história do teatro no Brasil. A outra perda à que Paes se refere foi a morte do carnavalesco Joãosinho Trinta, em São Luís, no Maranhão.

Fontes