2 de abril de 2005
O porta-voz do Vaticano Joaquin Navarro-Valls confirmou a morte do Santo Padre, papa João Paulo II, hoje, sábado, dia 2 de abril, às 20:00 UTC. O papa faleceu às 21:37 hora local (19:37 UTC; 20:37 em Portugal) aos 84 anos de idade.
Segundo a agência de notícias italianas Agenzia Giornalistica Italia, a mensagem final do papa foi: "Eu estou feliz, vós deveis ficar felizes também. Vamos orar juntos com alegria, eu confio tudo à Virgem Maria com alegria."
No Brasil foi decretado luto oficial por sete dias.
Visitas ao Brasil
O Papa João Paulo II visitou o Brasil quatro vezes. Na primeira vez chegou ao meio-dia do dia 30 de junho de 1980 e percorreu treze cidades em apenas doze dias. A maratona teve um total de 30000 km. Entrou por Brasília e partiu por Manaus. Na segunda visita, em junho de 1982, esteve no Rio de janeiro. A terceira visita foi entre 12 e 21 de outubro de 1991. O Papa não costumava beijar o solo de um país que ele já tinha visitado, mas no Brasil ele quebrou a tradição. Visitou sete cidades e fez 31 discursos e homilias. Esteve também no Brasil entre 2 e 6 de outubro de 1997.
Frases que o papa proferiu de improviso no Brasil durante sua última visita em 1997:
- Se Deus é brasileiro o Papa é carioca.
- Em Porto Alegre, dizem, o Papa é Gaúcho. Na Bahia também. O Papa é nosso guia.
Visitas a Portugal
A primeira visita de João Paulo II a Portugal (12 a 15 de maio de 1982) ocorreu um ano após o atentado de que foi vítima em 13 de maio de 1981. Em 2 de março de 1983 fez escala em Lisboa na viagem à América Central. De 5 a 13 de maio de 1991 esteve nos Açores, Lisboa, e novamente em Fátima. Uma outra visita, em que beatificou os videntes de Fátima, teve lugar em 12 e 13 de maio de 2000.
Opiniões acerca do papa
- Outro aspecto é a maneira como o papa se relaciona com a juventude ... Você viu o que aconteceu em Paris? Jamais a cidade tinha reunido tantos jovens ... E aquilo quem fez não foi a Igreja da França ... Aí é que percebemos a força do papa. Ele convoca os jovens, e eles vêm. Porque ele acredita na juventude. — Dom Eugênio Sales, Brasil.
- No mundo dominado pelo triunfalismo ideológico, o Papa João Paulo II tem a humildade de pedir perdão ao povo judeu e a outros povos injustiçados pela igreja no passado. Um gesto magnânimo, pedir perdão. É um líder de um imenso rebanho. Ele que é tão poderoso é também muito humilde e frágil. Mas espiritualmente muito forte. — rabino Henry Sobel, Brasil.
- Na visão dos muçulmanos, o papa buscou o diálogo inter-religioso, conversando em vários momentos com os líderes para uma aproximação. — xeque Ali Abdouni, representante da comunidade Islâmica brasileira.
- Sinto como quem perdeu um pai, um amigo, um irmão, um orientador muito sábio. — Dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, Brasil.
- Superando as limitações físicas impostas pelo atentado sofrido em 1981, o papa vem realizando notável atividade pastoral e cumprindo o que anunciou em 25 de janeiro de 1979, ao beijar o solo da República Dominicana para abençoar aquele país: "Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e dos valores humanos". — Marco Maciel, político brasileiro.
- Um grande papa — nosso maior e mais importante compatriota, o Santo Padre foi um bom pai para todos nós, para crentes e não crentes, e para seguidores de diferentes religiões — não existe mais. — Aleksander Kwasniewski, presidente da Polônia.
- Um bom e fiel servo de Deus foi chamado de volta para casa. O mundo perdeu um campeão da paz e da liberdade. — Presidente dos EUA, George W. Bush.
- João Paulo II sempre esteve ao lado do mais pobre, do mais desprotegido, do mais desafortunado, daqueles que foram deixados para trás no processo de desenvolvimento. — José Sócrates, primeiro ministro de Portugal.
- Até o fim da sua vida João Paulo II levou sua missão com energia e clareza. O sofrimento que ele nunca escondeu nos últimos anos jamais alteraram a sua determinação. — Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.
Problemas de saúde
João Paulo II foi o papa mais jovem eleito desde Pio IX em 1846. João Paulo II iniciou seu papado como um homem excepcionalmente são, relativamente jovem e que, ao contrário de papas anteriores, praticava caminhadas, natação e esqui.
Contudo, depois de mais de vinte e cinco anos sobre o trono papal, duas tentativas de assassinato — a primeira das quais seriamente o prejudicou — e alguns tumores cancerígenos, sua saúde física se deteriorou.
Em 1992, foi removido um tumor de seu cólon, em 1993 ele teve seu ombro deslocado, em 1994 fraturou o fêmur e em 1996 teve o apêndice removido.
Um cirurgião ortopédico disse em 2001 que o papa John Paulo II sofria do mal de Parkinson, o observadores internacionais já desconfiavam há algum tempo. O Vaticano confirmou a doença em 2003.
O papa passou a ter dificuldades para falar mais do que um certo número de sentenças de uma só vez. Problemas de audição também apareceram. Uma severa artrite apareceu em seu joelho direito após uma operação no quadril.
Apesar de todos os seus problemas ele continuou a fazer viagens ao redor do mundo. Ele dava sinais de que seguiria a vontade divina para continuar como papa, e permaneceria no seu cargo até a morte ou até que se tornasse mentalmente incapaz. As pessoas que estiveram próximas ao papa disseram que ele, apesar de estar debilitado fisicamente, sempre esteve em perfeita saúde mental.
A saúde se deteriora
Em setembro de 2003, Joseph Cardinal Ratzinger, considerado o braço direito do papa, disse que todos deveriam orar pelo papa, o que motivou sérias preocupações a respeito da saúde do pontífice.
Em fevereiro de 2005, o papa foi levado para o Hospital Gemelli em Roma, com uma aguda inflamação na laringe espasmos, ocasionados por uma gripe. O Vaticano relatou no dia seguinte que sua condição havia se estabilizado, mas que ele permaneceria no hospital até que estivesse totalmente recuperado.
O papa apareceu em público no dia 6 de fevereiro para dizer as palavras finais da bênção de Ângelus com uma voz rouca da janela do seu quarto no hospital. Ele não pôde participar das cerimônias da Quarta-feira de Cinzas na Basílica de São Pedro no dia 9 de fevereiro pela primeira vez em seus 26 anos de papado e retornou ao Vaticano dia 10 de fevereiro.
No dia 24 de fevereiro o papa começou a apresentar problemas para respirar e teve uma febre. Ele foi levado novamente ao Hospital Gemelli, onde foi realizada com sucesso uma operação de traqueotomia. Um acessor do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi disse que João Paulo estava sereno. O papa tinha levantado sua mão e tentou dizer algumas palavras, mas os médicos desaconselharam-no a fazer isso. O papa deu uma bênção silenciosa da janela do quarto do hospital domingo, dia 27 de fevereiro e tornaria a repetí-la no domingo de 6 de março. Dizem que ele falou um pouco em alemão e em italiano durante um encontro que teve com o cardeal Ratzinger no quarto do hospital, dia 1 de março. O cardeal Ratzinger disse à imprensa internacional:"O papa falou em alemão e em italiano. Ele estava completamente lúcido."
No dia 8 de março foi anunciado que o papa daria a bênção Urbi et Orbi na Páscoa, domingo, 27 de março. As outras cerimônias seriam realizadaas pelos cardeais.
Durante o Ângelus de domingo, 13 de março o papa pôde falar aos peregrinos pela primeira vez desde que ele tinha retornado ao hospital. Mais tarde ele voltou ao Vaticano pela primeira vez em aproximadamente um mês. No Domingo de Ramos, 20 de março, o papa fez uma breve aparência da sua janela para agredecer os peregrinos. Ele foi saudado por milhares de fiéis ao mesmo tempo em que acenava silenciosamente com um ramo de oliveira. Foi a primeira vez em seu pontificado, em que ele oficialmente não celebrou a Missa de Ramos de domingo. Ele assistiu à missa pela televisão no seu apartamento na Praça de São Pedro.
Dia 22 de março surgiram várias preocupações a respeito da saúde do papa, após relatos de que ele teria piorado e que seu corpo não estava a responder à medicação.
No dia 24 de março o cardeal colombiano Alfonso Lopez Trujillo executou o rito de lava-pés na Basílica de São Pedro. O cardeal substituiu o papa na ceremônia da quinta-feira no Vaticano. Ele disse que o pontífice enfermo 'abandonava serenamente' a si mesmo à vontade de Deus. O Papa de 84 anos, cuja saúde estava precária desde o mês passado após cirurgia da garganta, assistiu à cerimônia pela televisão.
No dia 27 de março, dia de Páscoa, o papa apareceu na sua janela, no Vaticano, durante um curto tempo. Angelo Cardinal Sodano leu a mensagem Urbi et orbi enquanto o Papa abençoou as pessoas com as mãos. Ele tentou falar mas ele não conseguiu.
Dia 31 de março o papa teve uma série febre provocada por uma infecção urinária, mas não foi levado a hospital, aparentemente segundo seu desejo de morrer no Vaticano. Horas mais tarde, no mesmo dia, fontes do Vaticano anunciaram que o papa tinha recebido o sacramento católico da extrema-unção, que é uma pequena cerimônia realizada com as pessoas que estão próximas da morte.
A despedida
Dia 1 de abril o papa recebeu um segundo tubo de alimentação. Boletins de fora do Vaticano, pela manhã, diziam que o papa tinha sofrido uma parada cardíaca, mas que continuava acordado. O porta-voz do Vaticano oaquin Navarro-Valls negou que o papa tinha sofrido o ataque cardíaco, mas disse que o papa tinha sofrido um colapso cardiocirculatório, e que sua condição era bastante grave.
Por vota das 10:30 GMT (03:30 EST) um porta-voz do Vaticano emitiu um breve boletim que dizia que o papa teria tido seus últimos ritos. O papa teria se recusado a ser levado para o hospital e seria seu desejo ficar ao lado de seus amigos próximos. Ele também teria pedido que fossem lidas as meditações proferidas nas Estações da Cruz alguns dias antes.
Aproximadamente às 17:00 GMT fontes de notícias italianas afirmaram que o papa João Paulo II teria perdido a consciência. Segundo a MSNBC, pelo menos um centro médico falou que não havia mais esperanças para ele.
O Vaticano emitiu um comunicado à imprensa às 19:00 CET (17:00 GMT, 11:00 ET) dizendo que os rins do papa teriam parado de funcionar. A agência de notícias ANSA reportou por volta das 19:30 CET que ele tinha perdido a consciência. Várias agências de notícias disseram que a morte do papa ocorreu às 20:20 CET (18:20 GMT, 13:20 ET), mas algum tempo depois, o Vaticano negou que o papa teria de fato morrido, e as histórias mudaram. O canal de televisão italiano Sky disse que o coração e o cérebro do papa ainda estavam a funcionar.
Após passar meses com a saúde debilitada, Sua Santidade o Papa João Paulo II faleceu dia 2 de abril às 21:37 hora local (19:37 UTC) com 84 anos de idade. O porta-voz do Vaticano Joaquin Navarro-Valls confirmou a morte às 20:00 UTC.
Segundo a agência de notícias italianas Agenzia Giornalistica Italia, a mensagem final do papa foi: "Eu estou feliz, vós deveis ficar felizes também. Vamos orar juntos com alegria, eu confio tudo à Virgem Maria com alegria."
Ver também
Fontes
- Juliana Andrade. Presidente decreta luto oficial de sete dias pela morte de João Paulo 2º [inativa] — Radiobras, 2 de abril, 2005. Página visitada em 2 de abril de 2005
. Arquivada em 4 de abril de 2005 - Católica Net (Brasil)
- "End draws closer for ailing Pope". BBC News, April 1, 2005
- Victor L. Simpson "Vatican: Pope John Paul II is near death". Associated Press, April 1, 2005
- "MSNBC Vatican Watch". MSNBC, April 1, 2005
- "MSNBC Full Story". MSNBC, April 1, 2005
- The Wikipedia article Pope John Paul II
- POPE: LAST MESSAGE, "I AM HAPPY, YOU BE HAPPY, TOO" [inativa] — Agenzia Giornalistica Italia, 2 de abril, 2005. Página visitada em 2 de abril de 2005
. Arquivada em 20 de abril de 2005 - Victor L. Simpson. Vatican Says Pope John Paul II Dies at 84 — Associated Press, 2 de abril, 2005