Agência Brasil

Marco Aurélio Garcia em 10 de dezembro de 2007.
Imagem: Antonio Cruz (Agência Brasil/ABr).

20 de julho de 2017

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O ex-assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, morreu hoje na cidade de São Paulo, vítima de um infarto, aos 76 anos. Era conhecido comumente por seu acrônimo MAG.

O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nota, sobre a morte de Garcia.

Ele foi um importante líder na construção e execução da política externa brasileira durante o governo de Lula, além de ser um dos grandes apoiadores dos Brics [bloco formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul] e do fortalecimento das relações Sul-Sul.

Nota

Até o momento, não foram divulgadas informações sobre o velório.

Biografia

Marco Aurélio Garcia nasceu em Porto Alegre em 22 de junho de 1941, onde estudou no Colégio Júlio de Castilhos e se formou em Filosofia e Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No início dos anos 60, Marco Garcia foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes e vereador na cidade de Porto Alegre pelo Partido da República (sem nenhuma relação com atual partido político do mesmo nome).

Após os militares derrubarem João Goulart em 1964 e instalarem o Regime Militar, Garcia começou a atuar no movimento estudantil de esquerda. Acusado de ligação com grupos armados e terroristas de esquerda, teve seu mandato de vereador cassado em 1970 e fugiu para o Chile.

No Chile, ele lecionou na Universidade do Chile, na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais. Ficou nesse país até 1973, quando Augusto Pinochet lidera o Golpe de Estado contra o socialista Salvador Allende, quando vai para França.

Formou-se pós-graduado na Escola de Altos Estudos e Ciências Sociais de Paris, chegando a ser professor nas universidades de Paris-VIII e Paris-X. Ficou na França até 1979, quando soube a notícia da Anistia do último presidente militar João Figueiredo.

Após a Anistia, voltou para o Brasil e passou a residir em Campinas. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, que desde então, passou atuar nesse partido. Se tornou professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) até se aposentar na década seguinte. Foi secretário de Cultura nos municípios nas cidades de Campinas (1989-1990) e São Paulo (2001-2002).

Em 1990, na condição de Secretário de Relações Internacionais do PT, foi um dos organizadores e fundadores do Foro de São Paulo (junto com Lula e o ditador cubano Fidel Castro, morto no ano passado), para reunir todos os grupos de esquerda da América Latina e do Caribe, organização acusada de ser fachada para fins obscuros de transformar toda América Latina dominada pela esquerda através do voto, como teve a Europa Oriental.

Nos anos seguintes, a mídia latino-americana omitiu a existência Foro de São Paulo (apesar de ser acusada pela esquerda de ser direita) até meados da década passada, quando a esquerda estava em poder ou influenciava em todos países e o aparecimento da internet. Na época, a esquerda já estava infiltrada em meios estudantis, culturais e na imprensa.

Coordenou o Programa de Governo do Lula nas eleições de 1994 e 1998, ambas derrotadas. Após a eleição de Lula em 2002, foi nomeado e assumiu em 1º de janeiro de 2003, como assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, em que foi marcado por posições de esquerda e contabilizou diversas polêmicas.

Foi vice-presidente do Partido dos Trabalhadores de outubro de 2005 a fevereiro de 2010. Em 2006, coordenou o Programa de Governo do Presidente Lula na reeleição de 2006 e o Programa de Governo da Presidente Dilma Rousseff na eleição de 2010 que a elegeu.

Em 2007, ele junto com outro assessor, foram flagrados pela câmera da Rede Globo, pela janela do escritório no Palácio da Alvorada, fazendo gesto obsceno enquanto assistia ao telejornal Jornal Nacional, no exato momento em que noticiava a descoberta do defeito técnico no avião Airbus A320 do acidente do Voo TAM 3054.

A imprensa criticou duramente a reação e interpretou o gesto como celebração da notícia, que eximiria o Governo Federal de culpa no acidente que causou a morte de 199 indivíduos, cuja versão estava diariamente sendo apregoada pela emissora, no bojo da "crise aérea" desde 2006. Depois desse episódio, ficou conhecido pelos críticos e adversários como Marco Aurélio "Top-Top" Garcia.

Após a eleição e a posse de Dilma Rousseff, Garcia, permaneceu como assessor até 12 de maio de 2016, ao ser exonerado do cargo por ela horas antes de ser afastada pelo impeachment, em meio à grave crise econômica e política surgida após se reeleger em 2014 e o governo marcado por corrupção.

Curiosamente, morreu menos de um mês depois de completar 76 anos e três dias depois dos 10 anos do desastre aéreo do Airbus A320 do Voo TAM 3054.

Fontes