Brasil • 6 de março de 2009

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A menina de 9 anos que sofria abusos sexuais do padrasto e ter feito o aborto recebeu alta hoje de manhã. Ela estava internada desde terça-feira (3) no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, da Universidade de Pernambuco (Cisam/UPE), no Recife, onde foi realizado o procedimento. Ela nunca mais vai voltará a viver na cidade de Alagoinha, no agreste pernambucano, onde a família vivia. Ela e a mãe foram encaminhadas a um abrigo, em local não divulgado, para que possam se recuperar. A criança teve alta médica na noite de ontem.

Segundo o diretor médico do Cisam e responsável pelo caso, Sérgio Cabral, a menina passou bem a tarde de ontem, aonde “ela chegou a brincar na enfermaria, com bonecas, ursinho de pelúcia” e que fez coleta de sangue e tomou medicamentos de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e ainda passou a noite no hospital.

Nossa intenção é monitorar essa criança. Vamos analisar os resultados dos exames e, se necessário, fazer novas avaliações físicas.

Sérgio Cabral

A intenção da equipe médica do Cisam é prestar atendimento psicológico e orientação sobre planejamento familiar. De acordo com Cabral, contato entre os médicos e a família da menina será feito via Ministério Público. Os médicos estão satisfeitos com o estado de saúde da menina.

Mais tarde, o médico informou ao site Portal G1 que a menina deixou o hospital na manhã, acompanhada pela mãe que detém a guarda da menina e por representantes do Ministério Público de Pernambuco e da Secretaria Executiva da Mulher. De acordo com Cabral, tanto a criança quanto a mãe tiveram boa avaliação dos psicólogos. “Possíveis traumas, só serão identificados com o acompanhamento que devemos fazer”.

Aborto

O processo de interrupção da gravidez começou na noite da última terça-feira. A menina recebeu doses de um remédio para estimular a expulsão dos fetos, o que aconteceu no fim da manhã da última quarta-feira. Logo depois, ela passou por um procedimento cirúrgico, uma curetagem para a limpeza do útero e a retirada dos restos da placenta. Apesar da anestesia geral, ela se recuperou rapidamente, de acordo com os médicos.

Ontem, antes da alta, o diretor do Cisam, Sérgio Cabral, voltou a afirmar que a gravidez poderia trazer riscos à vida da menina. Por ser uma criança de 9 anos, ela ainda não tem o aparelho reprodutor completamente formado. O médico disse ainda que o hospital vai oferecer acompanhamento psicológico para a criança e a mãe.

Críticas

O aborto aconteceu em meio à polêmica, o pai que é evangélico, se mostrou contra. O procedimento, porém, foi feito com autorização da mãe.

A interrupção da gravidez foi duramente criticada pelo arcebispo de Recife e Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou da Igreja Católica os médicos e todas as pessoas envolvidas no processo para interromper a gravidez de risco.

O excomungado não pode receber a eucaristia nem outros sacramentos, como batismo, crisma e casamento. A excomunhão teve repercussão internacional e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, condenou a decisão.

Histórico

A gravidez da menina foi descoberta no dia 25 de fevereiro, depois que reclamou de dores na barriga à mãe. Ela foi levada a uma unidade de saúde, que foi descoberta a gravidez e contou que era abusada pelo padrasto desde seis anos, quando ele começou morar na casa. O médico e a mãe denunciaram à Polícia de Alagoinhas.

O caso veio à torna na região no dia 26, quando o padrasto teve prisão decretada e foi preso na noite do dia 27 em Pesqueiro, um dia antes de fugir para Bahia, quando a população ficou revoltada e queriam linchar o acusado. O padrasto da menina admitiu os abusos e confessou também que abusava sexualmente a irmã mais velha de 14 anos, com deficiência física e mental.

A menina, em seguida, foi encaminhada ao Centro Integrado de Saúde, onde a gravidez foi interrompida, a pedido da mãe.

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Fontes