Agência VOA

31 de agosto de 2016

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Os praticantes de medicina tradicional em Moçambique exigem a regulamentação do sector e lembram que, cada vez mais, milhares de cidadãos recorrem aos seus serviços.

Sons de tambores e cânticos altos é o ambiente que milhares de moçambicanos encontram, quando recorreram aos médicos tradicionais para resolver os seus problemas de saúde.

A prática de medicina tradicional é secular em Moçambique, porém, nos últimos tempos, a proliferação de "charlatões" que advogam resolver qualquer problema de saúde, preocupa os membros da Associação de Médicos Tradicionais (Ametramo).

"O que peço é uma maior ligação com a medicina convencional, pois juntos podemos salvar vidas, agora em relação aos curandeiros que vêm dos Grandes Lagos devemos fazer um estudo e devemos estar unidos para os combater, porque são eles que nos trazem problemas", disse Julieta António.

Cacilda Niquice, presidente da Ametramo, defende que só com a integração nos médicos tradicionais no Sistema Nacional de Saúde poderá haver um melhor controlo dos praticantes desta medicina alternativa.

"Gostaríamos que um médico tradicional tivesse um gabinete no hospital porque há doenças que não são curadas nos hospitais, mas nós como médicos tradicionais conseguimos curar, então nós devemos trabalhar em conjunto", defendeu Niquice.

O cenário agrava-se pelo facto de o Instituto de Medicina Tradicional ainda não possuir capacidade técnica e laboratorial para testar a toxicidade das diferentes plantas existentes nos diferentes locais de venda e usadas na medicina tradicional.

No país existem cerca de 5.500 espécies das quais metade é consderada medicinai.

Enquanto não se regulamentar o sector, a ministra da Saúde, Nazira Abdula, diz que já há acções em curso para a integração da medicina tradicional.

"O que estamos a fazer e que achamos ter um grande impacto é esta ligação que temos com as associações de praticantes de medicina tradicional, em que eles trabalham em coordenação connosco, nós damos formações contínuas e transmitimos muitos conhecimentos em termos dessas doenças crônicas que sabemos que não tem cura", revelou a governante.

Desde 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS) advoga que nos países com problemas de desenvolvimento e cobertura sanitária, autoridades sanitárias devem trabalhar em parceria com outros intervenientes ao nível da comunidade para melhor a cobertura de cuidados primários de saúde, tema reiterada por Djamila Cabral, representante da OMS em Moçambique.

Assinala-se hoje, 31 de Agosto, o Dia Africano da Medicina Tradicional.

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