28 de agosto de 2024

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A líder opositora María Corina Machado reapareceu nesta quarta-feira em Caracas durante uma manifestação programada, a um mês das controversas eleições na Venezuela, nas quais se declararam vencedores tanto o presidente Nicolás Maduro quanto o candidato opositor Edmundo González.

A exposição pública de Machado, que se manteve na clandestinidade, busca continuar reivindicando a vitória de seu candidato, em meio a um clima de tensões, detenções e denúncias de "assédio judicial".

Seguidores do governo de Maduro também se concentraram nesta quarta-feira na zona conhecida como plaza Venezuela, para celebrar o que consideram sua vitória nas eleições de 28 de julho.

Tudo isso em um contexto que inclui o facto de que o Conselho eleitoral continua sem mostrar provas da vitória de Maduro, enquanto a oposição argumenta a sua vitória em virtude dos resultados das cópias das atas eleitorais em seu poder.

"Acta mata sentença", disse na quarta-feira María Corina Machado, em alusão à decisão do TSJ. ["A oposição tem] uma estratégia robusta", acrescentou a líder opositora.

Ao mesmo tempo, comemorou que nenhum governo democrático re-oncebeu a "fraude" do governo e afirmou que, devido à "brutal repressão", chegou a hora de uma "nova rua".

"Não é preciso que estejamos todos os dias em grandes concentrações, sabemos como administrar e fazer crescer a nossa força, o fazemos a nível das comunidades e ali os comanditos têm uma grande tarefa, comunicar-nos, que chegue a verdade, que nos defendamos uns aos outros", manifestou Machado ao exortar novas iniciativas para a"ativação e protesto".

A líder opositora reiterou que as forças militares sabem quais foram os resultados de 28 de julho e fez um apelo: "sabem muito bem o que devem fazer em cumprimento da Constituição, isso é o que a Venezuela e o mundo esperam. Sabem o que têm que fazer nesta hora que o regime persegue um povo que já decidiu avançar para a liberdade".

Proteção para crianças e adolescentes presos durante protestos

Maria Corina Machado, de sua posição de mãe, pediu na quarta-feira às pessoas privadas de liberdade que cumprem suas sentenças em prisões Venezuelanas que cuidem das crianças e adolescentes que foram transferidos para prisões comuns após serem detidos e acusados de terrorismo no contexto dos protestos pós-eleitorais.

"Também os presos têm códigos e sabem o que aconteceu, crianças acusadas de terrorismo por este regime do terror, isto é algo que não tem perdão de Deus", disse.

O conflito sobre as eleições de 28 de julho provocou apelos internacionais, que pedem ao Conselho Eleitoral da Venezuela (CNE) a publicação dos resultados detalhados.

No entanto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ratificou Maduro como o vencedor da disputa, dizendo que ganhou com pouco mais da metade dos votos.

"Ata mata sentença. E é por isso que nos vemos nesta quarta-feira, 28 de agosto, nas ruas. A um mês de nossa gloriosa vitória de 28 de julho, quando votamos, ganhamos, e recolhemos suas atas, que demonstram a vitória esmagadora de Edmundo González", disse Machado através de suas redes sociais.

Contagens de mais de 80% das urnas publicadas em um web site da oposição mostram a vitória de González Urrutia, com 67% dos votos válidos.

A Procuradoria citou González Urrutia, de 74 anos, pela suposta Comissão de "usurpação de funções" e "forjamento de documento público", crimes que podem levar teoricamente à pena máxima de 30 anos de prisão.

Na terça-feira, González Urrutia faltou pelo segundo dia consecutivo à convocação no Ministério Público, que ainda não se pronunciou sobre um terceiro chamado.

"A reiterada intimação do Ministério Público busca justificar um mandato de execução contra nosso candidato vencedor para acentuar a sua perseguição", escreveu a opositora Plataforma Unitária Democrática, em X, que denunciou "assédio judicial" ao qual González Urrutia afirma estar sendo submetido.

Já antes, Maduro pediu prisão para ele e Machado, acusando-os de violência nos protestos pós-eleitorais que deixaram 27 mortos, quase 200 feridos e mais de 2.400 detidos.

"Esta pessoa que lidera o golpe de Estado de uma caverna, escondido, Edmundo González Urrutia, muito covarde", disse Maduro. "Desconhece o poder eleitoral, desconhece o poder judiciário, dá-se o facto de desconhecer a Procuradoria-Geral e o poder moral. Ele acha que está acima das leis e da Constituição, como como se chama isso? Fascismo", denunciou o presidente.

González Urrutia, de 74 anos, não aparece em público desde 30 de julho, dois dias depois das eleições, quando junto com Machado participou de uma manifestação em Caracas. Desde então, limitou-se a fazer pronunciamentos via internet.

Machado, que também diminuiu as as suas aparições públicas, pediu nesta segunda-feira que seus seguidores se preparem para uma nova forma de organizar e mobilizar a rua.

"Hoje não posso dizer o momento exato em que vamos concretizar a vitória, mas sim, com absoluta convicção, digo que o destino desta luta é a libertação da Venezuela, a construção de um país luminoso onde possamos viver bem, com dignidade", disse Machado em um áudio publicado em suas redes.

Na véspera, Perkins Rocha, advogado de Machado e Assessor Jurídico de seu partido, Vente Venezuela, foi preso.

"Sujeitos não identificados o levaram à força. Exigimos informação e sua imediata libertação", escreveu na rede social X o Comité de Direitos Humanos da Venezuela.

Rocha também é testemunha do comando de campanha de Gonzalez Urrutia perante o CNE.

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