11 de setembro de 2020
Especialistas constitucionais nomeados pela junta militar do Mali propuseram, esta sexta-feira, um governo de transição de dois anos liderado por um presidente escolhido pelo exército, desafiando os apelos do bloco económico da África Ocidental CEDEAO para eleições dentro de um ano.
O texto foi submetido a centenas de participantes em um fórum de três dias a decorrer em Bamako com o objetivo de mapear um caminho a seguir para este conturbado país.
As recomendações dos especialistas surgiram no segundo dia de negociações sobre uma transição.
CEDEAO deu à junta governante até terça-feira para nomear um presidente de transição e primeiro-ministro.
Em uma "carta da transição" de oito páginas, os especialistas escreveram que um período de transição de 24 meses era necessário "à luz da complexidade, gravidade e profundidade estrutural da crise do Mali".
Segundo a proposta de um governo de transição, o presidente seria uma "personalidade civil ou militar".
As recomendações ainda não foram formalmente aprovadas pelos representantes do Comité Nacional de Salvação Popular (CNSP), lideranças políticas e grupos da sociedade civil que participam das conversações, que terminam sábado.
Alguns líderes políticos do Mali insistiram, junto com a CEDEAO, que o presidente interino é um civil, mas o documento indica que pode ser um soldado ou civil.
O candidato deve ter entre 35 e 75 anos e não será elegível para ser eleito no final da transição, ainda segundo a proposta.
As negociações marcam a segunda ronda de discussões entre os jovens oficiais que derrubaram o presidente Ibrahim Boubacar Keita, a 18 de agosto e representantes civis, muitos dos quais haviam feito campanha para que ele renunciasse.
A junta, poucas horas após o golpe, prometeu restaurar o governo civil e organizar eleições dentro de um "prazo razoável".
Mas muitos participantes do fórum estão divididos sobre questões como quanto tempo um governo de transição deve durar e que papel o exército deve desempenhar.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) formada por 15 nações, insistiu que a junta entregasse o poder em 12 meses.
Mahmoud Dicko, o influente imã visto como a figura de proa do Movimento 5 de junho, que empreendeu uma campanha de protesto contra Keita, também apoiou um rápido retorno ao governo civil.
Gana vai acolher uma mini-cúpula de líderes da CEDEAO na próxima terça-feira. A organização regional não disse o que fará se suas demandas não forem atendidas até essa data
A conferência em Bamako termina amnahã, sábado.
Fonte
- VOA Português. Mali: peritos sugerem dois anos de transição — Voz da América, 11 de setembro de 2020
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