7 de janeiro de 2022

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O artigo da Wikipédia em português sobre planetas (você pode lê-lo aqui) afirma que existem mais deles do que estrelas no universo. A informação até tornou-se uma das curiosidades destacadas na página principal. Será real? O Wikinotícias procurou a opinião de cientistas, especialmente astrônomos, sobre a informação.

Antes de procurarmos dados, precisamos definir o que é um planeta. Até pouco tempo uma definição científica não existia. Segundo o artigo publicado pela União Astronômica Internacional (em inglês: International Astronomical Union; IAU) em agosto de 2006, um planeta é “um corpo não estelar que é massivo o suficiente para ser arredondado por sua própria gravidade, que orbita diretamente uma estrela e que limpa sua zona orbital de objetos concorrentes”.

A definição da IAU altera significativamente o que é ou não um planeta. Ela foi responsável, por exemplo, por classificar Plutão como um "planeta-anão". No entanto, a definição não é unânime em toda comunidade científica e recebeu inúmeras críticas; cientistas argumentam que alguns dos oito planetas do Sistema Solar não cumpre todos as exigências, inclusive a nossa própria Terra.

Em artigo publicado pela revista ZME Science, o astrofísico da Universidade de Uppsala (na Suécia), Erik Zackrisson, buscou calcular o número de planetas no universo usando um modelo de computador que simulava a evolução desde o Big Bang. Baseado nas leis da física atual, ele determinou haver em torno de 720 planetas no universo. Isso é 7 seguido por vinte zeros ou 70 quintilhões.

No entanto, isso são apenas estimativas. Observar planetas é mais difícil do que estrelas, afinal estrelas emitem luz e planetas não. Para você ter noção, a agência espacial dos Estados Unidos, NASA, em sua última atualização realizada ontem, confirmou apenas 4.884 exoplanetas e outros 8.414 estão esperando serem analisados. Você pode ver a listas de exoplanetas publicada pela Wikipédia.

Já o número de estrelas possui estimativas extremamente maiores, segundo a Astronomy, uma revista mensal norte-americana sobre astronomia. Neste caso, os cientistas tomaram como base a Via Láctea: Multiplicaram nossa galáxia, que possui em torno de 100 bilhões de estrelas, pelo número de galáxias no universo (2 trilhões). Isso dá aproximadamente 200 sextilhões de estrelas.

Outros cientistas determinam números muito menores, mas ainda na casa dos sextilhões. Segundo estudos de astrofísicos da universidade norte-americana Harvard, o número de estrelas no universo é de em torno de 70 sextilhões. A Wikipédia em inglês afirma que o universo observável contém “cerca de 1022 a 1024 estrelas”, ou seja, sextilhões.

NGC 2683
Galáxia espiral NGC 2683

A informação foi incluída na Wikipédia em português no dia 30 de setembro do ano passado. Ela foi referenciada por um artigo da National Geographic Brasil, intitulado “Alô, Alô, Tem Alguém Aí?” segundo o artigo. O Wikinotícias procurou a publicação original em inglês e seu autor.

O artigo original se chama “Who’s Out There?” e foi publicada em março de 2019. Ele foi assinado por Jamie Shreeve, ​​editor executivo da revista e autor de vários livros sobre astronomia. Jamie possui bacharelado pela Brown University em 1973.

Jamie escreve: “A resposta de Kepler foi inequívoca. Existem mais planetas do que estrelas, e pelo menos um quarto são planetas do tamanho da Terra na chamada zona habitável de suas estrelas, onde as condições não são nem muito quentes nem muito frias para a vida. Com um mínimo de 100 bilhões de estrelas na Via Láctea, isso significa que há pelo menos 25 bilhões de lugares onde a vida poderia concebivelmente se estabelecer somente em nossa galáxia — e nossa galáxia é uma entre trilhões.”

A publicação faz nítida relação com o Kepler e sua exploração da Via Láctea, a NASA até publicou um artigo naquela época intitulado “Legado do telescópio espacial Kepler da NASA: mais planetas do que estrelas” (em inglês: Legacy of NASA’s Kepler Space Telescope: More Planets Than Stars).

“Descobrimos planetas menores do que jamais foram descobertos antes e apenas, muitos deles. Indicando que a galáxia está cheia de planetas. Mundos malucos que não previmos, coisas que não havíamos imaginado.”

—publicação da NASA

Ou seja, a informação está parcialmente correta. O artigo original se refere a exploração de Kepler apenas na Via Láctea. O universo é extremamente grande e um número preciso irá demorar algumas dezenas ou centenas de anos para ser contemplado.

Fontes

 
Reportagem original
Esta notícia contém reportagem original de um Wikicolaborador.