Nigéria • 14 de janeiro de 2015

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Mais de 3,2 mil pessoas já abandonaram a cidade de Baga, fugindo dos recentes ataques do grupo islâmico radical Boko Haram a cidades do estado de Borno, no Nordeste da Nigéria. O número foi calculado pela Agência Nacional de Gestão de Emergência (Nema). Segundo o Nema, os “deslocados” estão refugiados em um acampamento montado em Maiduguri, no mesmo estado, a cerca de 200 quilômetros ao sul de Baga. Há outros dez acampamentos na região sob os cuidados da agência nigeriana que tem fornecido alimentos, medicamentos e outros itens essenciais às famílias.

Ontem (13), a Nema enviou mais uma equipe de técnicos da capital, Abuja, para auxiliar na ajuda humanitária aos refugiados. Horas depois, a noite, ao menos três pessoas foram mortas e 20 feridas quando uma mulher-bomba se explodiu perto de uma mesquita de Kasuwan Mata, no estado de Gombe, durante o horário de oração.

O total de mortos, feridos e deslocados é incerto. A organização humanitária Anistia Internacional classifica os ataques do Boko Haram contra civis não só como “massacre” mas, também, como o “mais mortal já feito pelo grupo armado islamita em um longo histórico de ataques hediondos”. Fontes nigerianas e a imprensa local falam em ao menos 2 mil mortos apenas nos ataques a Baga, nos últimos dias. Alguns jornais nigerianos mencionam mais de 800 mil deslocados pelos ataques do Boko Haram nos últimos anos.

“Este ataque a Baga e a cidades próximas parece ter sido o mais mortal. Confirmados os relatos de que o grupo [Boko Haram] arrasou toda a cidade, deixando centenas ou até mesmo 2 mil mortos, isto constitui uma escalada brutal e perturbadora na continuada chacina da população civil", comenta o investigador da Anistia Internacional para a Nigéria, Daniel Eyre, em um comunicado divulgado pela organização.

Desde 2009, o Boko Haram ataca civis. Além de matar e expulsar parte dos moradores de pequenos vilarejos e cidades desguarnecidas, os integrantes do grupo radical islâmico são acusados de raptar jovens com o objetivo de recrutar e utilizá-los em novos ataques. Na véspera do Ano-Novo, 40 crianças e adolescentes do sexo masculino foram raptados de uma aldeia.

Para a Anistia Internacional, as práticas do Boko Haram equivalem a “crimes de guerra e crimes contra a humanidade”. A organização destaca a necessidade do governo nigeriano investigar as violações aos direitos humanos e julgar os responsáveis. A comoção provocada pela morte de 17 pessoas nos ataques terroristas na França, na última semana, fez o governo francês se solidarizar com a tragédia do povo nigeriano. Em nota divulgada ontem, o governo francês condena a escalada da violência no Nordeste da Nigéria.

“O recrutamento de crianças para cometer certos ataques tornam estes atos odiosos ainda mais abjetos”, diz a nota. “No momento em que dados de organizações não governamentais falam de centenas de vítimas e de muitos desabrigados e refugiados, expressamos nossas condolências ao povo nigeriano. Os autores desses ataques deverão responder pelos seus atos. A França e seus parceiros africanos se mantêm ao lado do governo nigeriano na luta contra o terrorismo”.

Fontes