Brasil • 5 de novembro de 2014

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Durante o debate Mesa de Controvérsias sobre Terra e Território, promovido hoje (4) pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, defendeu que a reforma agrária no país deve ser pensada de acordo com um novo modelo que dê ênfase à agroecologia e à sustentabilidade ambiental.

Cerca de 18 mil militantes participam da marcha de encerramento do 5º Congresso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (2007).

“Temos que discutir que tipo de uso queremos dar à água, ao solo e ao conjunto dos recursos naturais. Se for esse uso que está sendo dado, não precisa mais de reforma agrária. É evidente que esse tipo de uso tem impactos econômicos, sociais e ambientais gravíssimos e alguns irreversíveis. Pensar que tipo de comida queremos comer. Se quisermos outro tipo de comida, mais saudável, com produção que não agrida e não impacte tanto o meio ambiente, a reforma agrária é importante”, disse.

Mauro ainda cita uma mudança no paradigma tecnológico a ser seguido. “Se for a maquinaria pesada e agroquímicos cada vez mais intensos, temos que ter clareza de que isso impacta na saúde humana e do planeta”, conclui. Segundo o integrante do MST, o governo tem papel fundamental em criar condições para uma mudança de paradigma que siga o caminho agroecológico por meio do incentivo à abertura de mercados, de indústrias para processar esses produtos e para a produção de insumos agroecológicos que substituam os insumos químicos tradicionais.

O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Bernardo Mançano Fernandes, falou sobre as disputas de terra entre os movimentos socioterritoriais e o setor do agronegócio e disse que isso tem impactado as políticas de reforma agrária. “Esses movimentos socioterritoriais cresceram muito, mais até que os movimentos urbanos e sindicais. Eles estão lutando por sua existência e precisam multiplicar esse território e, ao mesmo tempo, o agronegócio precisa multiplicar seu território, ai, temos esse conflito permanente”, concluiu.

O indígena da etnia Guarani-Kaiowá e conselheiro do Consea, Silvio Ortiz, disse que a disputa pela terra também tem provocado conflitos envolvendo índios. Para ele, as ações emergenciais não são suficientes para resolver a questão da terra com os indígenas. “Não adianta o governo mandar ações emergenciais se não resolver a questão da ampliação de terra. Isso nos preocupa muito e, como consequência disso, vemos violência e agravamento dos problemas”, relatou ele que vive na região das aldeias Jaguapiru e Bororó em Dourados (MS).

Fontes