22 de abril de 2008

Presidente Lula e o chanceler Celso Amorim, em Gana, participando da 12ª UNCTAD. Foto: Valter Campanato/ABr
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Mesmo com a eleição do candidato de esquerda Fernando Lugo para a Presidência do Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que Brasil não vai rever o tratado de Itaipu – uma das principais bandeiras de campanha do ex-bispo católico. “Não muda o tratado”, afirmou Lula ontem (21), pouco antes de embarcar para o Brasil vindo de Gana.


'Em Itaipu temos um tratado e vamos mantê-lo. Um tratado não se modifica.'

—Presidente Lula

Ele minimizou a importância do tema, frisando que a agenda Brasil-Paraguai vai além da sociedade na hidrelétrica. “Nestes cinco anos de governo, tive umas 20 reuniões com o Paraguai. São muitos os temas; não é só a questão de Itaipu. A nossa fronteira, que é muito grande e envolve vários estados, também a questão da Ciudad Del Leste, de investimentos… Temos muito para continuar conversando com o Paraguai”, disse o presidente.

Indagado sobre o que representava a vitória de mais um líder de esquerda na América Latina, Lula disse que Lugo não é esquerdista. Também evitou compara-lo ao presidente boliviano, Evo Morales, que se elegeu com plataforma semelhante a de Fernando Lugo. Para Lula, a eleição de Lugo representa a vitória da democracia. “A democracia ganhou e o Paraguai certamente vai consolidar cada vez mais seu processo democrático. É importante lembrar que no Paraguai você tinha partido que governava há 60 ou 70 anos. Houve um câmbio, e esse câmbio, se foi da vontade do povo, merece todo o meu respeito”, completou.

País não descarta reajustar valor pago ao Paraguai por energia excedente de Itaipu

Sem alterações no Tratado de Itaipu, não está descartado um eventual reajuste dos valores pagos ao Paraguai pela energia a que o país vizinho tem direito mas não usa. De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, isso já foi feito no passado, por defasagem de preços, e poderá se repetir. “Vamos continuar discutindo com o Paraguai normalmente como ele pode obter uma remuneração adequada para sua energia. Isso é justo”, disse Amorim.

Amorim afirmou que o mais importante é que exista harmonia entre os países da região. "Não creio que vá haver (chantagem por parte do Paraguai). Vai haver uma atitude normal de conversa, de encontrar soluções para um país com o qual temos uma relação muito próxima."

O ministro defendeu ajuda brasileira ao parceiro do Mercosul e citou como exemplo as tratativas para construção de uma linha de transmissão de Itaiupu a Assunção, de forma a permitir maior acesso dos paraguaios aos 50% da energia de Itaipu a que têm direito por contrato.

“E um absurdo que o Paraguai sendo sócio da maior hidrelétrica do mundo, a anergia em Assunção seja ruim, nao dê para ter uma indústria baseada em energia. Então vamos ajudá-lo a fazer linhas de transmissão importantes, quem sabe com isso podem até ter uma indústria intensiva de energia. Esse é o bom caminho para o Paraguai. É nossa responsabilidade ajudar os países mais pobres da nossa região”.

Fontes