Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala na abertura da Conferência da FAO sobre segurança alimentar, mudanças climáticas e bioenergia. Foto: Ricardo Stuckert/PR

3 de junho de 2008

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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva rebateu com ironia as críticas de que, no Brasil, as plantações de cana-de-açúcar para a produção de etanol estariam invadindo a Amazônia. Segundo Lula, esse é um argumento "sem pé nem cabeça". "Quem fala uma bobagem dessas não conhece o Brasil", disse na abertura da Conferência da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

'É intolerável o protecionismo que atrofia e desorganiza a produção agrícola dos países, sobretudo os mais pobres. A razão da atual crise de alimentos é sobretudo a distribuição'

—Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Lula apresentou números para rebater críticas. Segundo ele, a Região Norte do Brasil tem apenas 0,3% da área total dos canaviais do país. "Ou seja, 99,7% da cana está a pelo menos 2 mil quilômetros da Floresta Amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin", disse.

'Os biocombustíveis não são os vilões. Vejo com indignação que muitos dos dedos que apontam contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão'

—Idem

Segundo o presidente, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos atestam que o Brasil tem 340 milhões de hectares de terras agrícolas, desses 7 milhões são de cana. Metade disso (3,6 milhões) é destinada à produção de etanol. "A produção brasileira de etanol à base de cana-de-açúcar ocupa uma parte muito pequena de terras agricultáveis e não reduz a área de produção de alimentos. Ou seja, toda a cana do Brasil está em 2% da sua área agrícola, e todo o seu etanol é produzido em apenas 1% dessa mesma área".

O presidente defendeu o etanol brasileiro, feito da cana-de-açúcar, comparado ao etanol americano, feito de milho. Segundo ele, o etanol da cana gera 8,3 vezes mais energia renovável do que a energia fóssil empregada na sua produção. Já o etanol do milho gera apenas uma vez e meia a energia que consome. "É por isso que há quem diga que o etanol é como o colesterol. Há o bom etanol e o mau etanol. O bom etanol ajuda a despoluir o planeta e é competitivo. O mau etanol depende das gorduras dos subsídios", disse. Ele chamou o uso do combustível de "revolução dourada".

Fontes