18 de abril de 2008

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem (17) explicações do comandante militar da Amazônia, general de exército Augusto Heleno, que criticou a política indigenista do governo federal. Lula, chefe maior das Forças Armadas, fez a cobrança ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o comandante do Exército, general Enzo Peri, em encontro no Palácio do Planalto.

De acordo com o Ministério da Defesa, ficou acertado que Jobim e Peri conversarão com Heleno e depois voltarão a se reunir com o presidente. Ao participar nesta quarta-feira (16) de seminário no Clube Militar, no Rio de janeiro, o general afirmou que a demarcação contínua de terras indígenas na região de fronteira é uma ameaça à soberania nacional.

“Nós estamos cada vez mais aumentando a extensão das terras indígenas na faixa de fronteira e caminhando numa direção que me preocupa. Pode não ser uma ameaça iminente, mas ela merece ser discutida e aprofundada", declarou Heleno. "Poderão representar um risco para a soberania nacional", completou.


'Pela primeira vez estamos escutando coisas que nunca escutamos na história do Brasil. Negócio de índio e não-índio? No bairro da Liberdade, em São Paulo, vai ter japonês e não-japonês? Só entra quem é japonês? Como um brasileiro não pode entrar numa terra porque é uma terra indígena?'

—General de Exército Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia

Na palestra, o comandante militar da Amazônia negou que seja contrário à demarcação de área contínua na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, defendida pelo presidente Lula. “Em nenhum momento eu contrariei a decisão do presidente da República. Ela está tomada e será cumprida por quem de direito. Eu levantei o problema. E ele merece ser discutido e novamente está sendo estudado”, disse ao se referir à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a retirada de não-índios, a maioria produtores rurais, da reserva.

A cobrança de Lula por explicações sobre as críticas do General Augusto Heleno ocorre justamente no momento que o ministérios da Defesa, Planejamento e as Forças Armadas negociam o reajuste para os militares. A expectativa é que o governo anuncie o percentual a ser concedido para categoria ainda nesta sexta-feira (18).

Fontes