Libertação de Samir Kuntar e de outros prisioneiros árabes motivou Hizbollah a seqüestrar soldados
26 de julho de 2006
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O seqüestro de dois soldados israelenses por forças do Hizbollah em território israelense que foi o estopim da crise e da guerra que ora abala o Oriente Médio tinha por objetivo forçar Israel a libertar prisioneiros árabes, entre eles principalmente o libanês Samir Kuntar.
Samir Kuntar é considerado um herói entre libaneses simpatizantes do Hizbollah. Em março, a Autoridade Palestina anunciou que daria a Kuntar o título de cidadão palestino honorário.
Kuntar foi preso por Israel em 1979 e acusado de assassinato de dois civis e dois policiais israelenses. Por causa deste crime e das acusações de terrorismo, Kuntar foi sentenciado pela Justiça israelense a 4 penas de prisão perpétua. Ele é o mais antigo libanês a ser mantido numa cela israelense,
Em abril de 1979, Kuntar comandou um grupo formado por quatro homens que saiu de barco do Líbano até ir parar na costa da cidade de Nahariya, em Israel. No trajeto até a cidade o grupo matou um policial e em seguida invadiu o apartamento de uma família, formada por um casal e dois filhos.
No apartamento, o grupo tomou como reféns um homem de 28 anos e sua filha de 4. A esposa conseguiu se esconder no sótão com outra filha de 2 anos.
Acuado pela polícia, Kuntar atirou mortalmente no homem e depois esmagou o crânio da criança de 4 com o rifle, que morreu. Escondida e desesperada, a mulher sem ter a intenção sufocou a filha de 2 anos depois que tapou sua boca para que ela não fizesse barulho e alertasse os invasores.
Houve um tiroteio com a polícia. Dois integrantes da unidade de Kuntar e um policial morreram.
Em 2003, Israel concordou em libertar 400 entre os cerca de 8 mil prisioneiros árabes pelo empresário Elchanan Tenenbaum, que fora seqüestrado pelo Hizbollah. O Hizbollah por sua vez exigiu que entre os prisioneiros libertados fosse incluído o nome de Samir Kuntar.
Israel concordou, desde que o Hizbollahtambém informasse o paradeiro do piloto Ron Arad, que desapareu no Líbano em 1986.
Finalmente, em 2004, Israel trocou 400 palestinos e libaneses presos pelo empresário Elchanan Tenenbaum, mais os corpos de três soldados mortos. A troca ocorreu no mesmo dia em que um homem-bomba explodiu um ônibus em Jerusalém matando pelo menos 10 pessoas.
Os prisioneiros libertados pelos israelenses foram recepcionados no Aeroporto Internacional de Beirute, no Líbano, com uma grande fanfarra. O Presidente libanês Emile Lahoud e o líder do Hizboolah Xeique Hassan Nasrallah os receberam com abraços e um grande tapete vermelho.
Nessa troca feita em 2004, Israel só não libertou dois libaneses: Nasim Nesser e Samir Kuntar. O Líbano ainda alega que Israel mantém preso um terceiro libanês, chamado Yehya Sekaf, hipótese que é negada por Israel.
Em 7 de outubro 1985, o navio italiano Achille Lauro foi seqüestrado pela Frente pela Libertação da Palestina. O principal cérebro por trás da operação foi Abu Abbas, capturado no Iraque em 15 de abril.
Como condição para libertar os cerca de 400 passageiros do Achille Lauro os seqüestradores exigiram a libertação de Kuntar e de outros prisioneiros palestinos. Na operação, um seqüestrador matou um dos passageiros: Leon Klinghoffer, um judeu americano.
O nome de Kuntar voltou a ser citado novamente em 2006, quando o Primeiro-Ministro do Líbano Fouad Siniora e Terje Larsen, das Nações Unidas, elaboraram um plano de paz.
No ataque que ocorreu em 12 de julho o Hizbollah capturou dois soldados que patrulhavam a fronteira para poder trocá-los por prisioneiros. A operação foi elogiada por vários políticos libaneses, entre eles o Ministro da Saúde que disse que o Hizbollah tinha o direito de fazer de tudo para libertar seus prisioneiros e por um integrante do Hizbollahque fazia parte do parlamento, que disse que o governo deveria expressar solidariedade à ação do Hizbollah.
O líder do Hizbollah Xeique Hassan Nasrallah fez a seguinte declaração pública para a televisão:"Primeiro agradeço a Deus pela vitória, pela Jihad e pelos resultados. Quero voltar agora aos bravos guerreiros que hoje cumpriram a promessa e portanto esta operação deve ser chamada A Promessa que foi mantida (Al-Wa'ad Al-Sadeq). Eu agradeço a eles e beijo-lhes suas mãos. Hoje é um dia de lealdade a Samir Kuntar e aos restos dos prisioneiros em Israel".
Nasrallah continuou e também disse: "Os soldados serão devolvidos com uma condição: negociações indiretas para a troca de prisioneiros. Se o objetivo dos israelenses é trazer seus soldados de volta para casa, eles não podem fazer nenhuma operação militar".
Seguidores do Hizbollah comemoraram bastante e celebraram pelas ruas da cidade de Beirute a captura dos soldados israelenses. "Deus é grande, nossos prisioneiros estarão livres logo", gritaram.
Referências
- Samir Kuntar (website oficial)
Ver também
Xeique Hassan Nasrallah fala para o canal de TV Al Jazira
Declaração pública do Xeique Hassan Nasrallah logo após o seqüestro de dois soldados israelenses pelas forças do Hizbollah.
Fontes
- Nasrallah: Hostages in secure location, far away — YnetNews, 20 de julho de 2006
- Patrick Goodenough. Hizballah Wants Israel to Free Child-Killer — CNS, 18 de julho de 2006
- Kidnapping of soldiers is 'act of war' by Lebanon: Olmert [inativa] — Deutsche Presse-Agentur, 12 de julho de 2006. Página visitada em 26 de julho de 2006
. Arquivada em 22 de agosto de 2006
- Israel, Hezbollah swap prisoners [inativa] — CNN, 29 de janeiro de 2004. Página visitada em 26 de julho de 2006
. Arquivada em 18 de agosto de 2010
- Ross Dunn. 400 Palestinian Prisoners Released in Israeli Swap with Hezbollah [inativa] — VOA, 29 de janeiro de 2004. Página visitada em 26 de julho de 2006
. Arquivada em 17 de novembro de 2008
- Ross Dunn. Israel, Hizbollah Agree on Prisoner Swap [inativa] — VOA, 25 de janeiro de 2004. Página visitada em 26 de julho de 2006
. Arquivada em 16 de novembro de 2008
- Aluf Benn, Gideon Alon, Anshel Pfeffer, Yoav Stern. Hezbollah: no deal without Kuntar — Haaretz, 11 de outubro de 2003
- Smadar Haran Kaiser. The World Should Know What He Did to My Family — The Washington Post, 18 de maio de 2003
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