11 de maio de 2021

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A segunda semana de depoimentos na CPI da Pandemia começou nesta terça-feira (11) com o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres. Durante quase seis horas ele foi questionado pelos senadores principalmente sobre o processo de aprovação de vacinas no Brasil. Os parlamentares demonstraram especial interesse nas negativas da agência reguladora para o uso dos imunizantes Sputnik V, da Rússia; e Covaxin, de origem indiana.

Em relação à vacina russa,  a Anvisa está com a análise parada, segundo Barra Torres, para que o fornecedor, por meio de seu representante, a União Química, forneça uma série de informações que estão faltando. 

— É muito importante que se entenda que esse processo de interrupção ou de negativa da autorização excepcional de importação não deve somar a esta marca Sputnik V um pensamento negativo. Isso faz parte do processo [...] O que conclamo é que, tão logo essa situação seja resolvida, não se credite a essa vacina nenhuma característica ruim. Nossa preocupação é que, amanhã ou depois, a nossa população tenha receios. Não é essa a nossa intenção — afirmou, lembrando que não cabe à Anvisa fazer a análise laboratorial de imunizantes, mas da documentação apresentada pelo desenvolvedor. 

O presidente da Anvisa negou que tenha sofrido algum tipo de pressão do governo sobre o assunto e ressaltou que se trata de uma situação puramente regulatória, que não pode e nem deve prejudicar a boa relação entre Brasil e Rússia. 

— É um processo que tem começo, meio e fim e esperamos que chegue a um bom fim. Esperamos que isso não impacte a relação entre os dois países — avaliou.

Outros países

Perguntado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) sobre a aplicação da Sputnik V em outros países, o presidente da Anvisa disse que a agência entrou em contato com 58 países nos quais o imunizante estaria sendo usado. Deste total, 11 não responderam; 24 negaram o uso do imunizante e os países que efetivamente estão usando, com exceção de México e Argentina, não têm estrutura regulatória madura, sênior, a exemplo do Brasil. 

Ainda segundo Barra Torres, na Argentina, por exemplo, a Sputnik V responde por 57% do total de vacinas aplicadas, mas aparece com 92% dos efeitos adversos em geral. 

— Isso é esclarecedor a esta CPI e aos brasileiros. Pelo que eu apurei e a testemunha confirma aqui, a Anvisa foi a primeira autoridade de peso regulatório no mundo que avaliou com alguma seriedade os documentos disponíveis sobre a Sputnik. Foi a primeira agência a fazer uma crítica séria à vacina russa — disse Marcos Rogério. 

Fontes