Brasil • 11 de dezembro de 2014

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O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou hoje (11) 35 pessoas investigadas na sétima fase da Operação Lava Jato. Entre elas estão o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem passar de 50 anos.

O anúncio foi feito durante entrevista coletiva com presença do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, segundo quem, o trabalho para elucidar todos os crimes “não será rápido”, e ele atuará dando respaldo às investigações. “Meu papel aqui é dar apoio a essa nova fase que se inicia. O MPF não fala aquilo que fará, mas dá conhecimento à sociedade daquilo que fez e esclarece sua atuação”, disse. Para Janot, os envolvidos no esquema "roubaram o orgulho dos brasileiros.

Segundo o MPF, foram denunciadas pessoas ligadas às empresas Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC. No total, foram oferecidas 50 denúncias, mas algumas pessoas foram denunciadas mais de uma vez. A denúncia aponta 154 atos de corrupção e 105 de lavagem de dinheiro. O total de dinheiro envolvido nos crimes de corrupção chega a R$ 286.421.928,74.

De acordo com o procurador Deltan Dallagnol, um dos integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, apenas uma parte era sacada em espécie. Ele apontou o doleiro Alberto Youssef como o principal operador do esquema. De acordo com Dallagnol, a maior parte dos valores era transferida para contas em nome de empresas operadas por outro doleiro, e apenas 10% ou 20% dos valores eram sacados em espécie.

Durante a entrevista, o procurador afirmou que o esquema forjou um "jogo de cartas marcadas" em licitações da Petrobras. "As empresas simularam ambiente de competição, fraudaram a competição e, em reuniões secretas, definiam quem iria ganhar as licitações", disse. Dallagnol informou que o MPF deve pedir na Justiça o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 971.551.352,28 de todas as empresas denunciadas. O valor representa cerca de 3% do que o MPF considera que foi desviado dos contratos com a Petrobras.

Ainda de acordo com o procurador, o MPF só ofereceu denúncias de executivos e pessoas ligadas ao esquema, mas ressaltou que as denúncias das empresas por improbidade administrativa ainda serão movida e que outras companhias investigadas na Lava Jato podem ser incluídas em novas denúncias. "Este é um pacote de denúncias oferecidas, assim como as acusações e as investigações. Posso garantir que mais acusações virão", disse.

Dallagnol descartou a possibilidade de um “acordão”, por parte das empreiteiras, para fugir de processos, e disse que, para que sejam aceitos novos acordos de delação premiada, os executivos terão que oferecer novas provas para investigação. “O que eu posso afirmar é que não existe 'acordão'. A gente rejeita e rechaça qualquer tentativa de blindagem das empresas, coletivamente, por não atender os requisitos da delação premiada, como o reconhecimento de culpa e fornecimento de novas provas para investigações", acrescentou. Caso o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, aceite as denúncias, os investigados passarão à condição de réus no processo.

Dentre os denunciados, constam: Sérgio Cunha Mendes, diretor vice-presidente executivo da Mendes Júnior; Angelo Alves Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior; Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da construtora UTC; Eduardo Hermelino Leite, o Leitoso, vice-presidente da Camargo Corrêa; João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa; Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia; José Adelmário Pinheiro Filho, Leo Pinheiro, presidente da construtora OAS; Jean Alberto Luscher Castro, diretor presidente da Galvão Engenharia; Waldomiro de Oliveira, dono da MO Consultoria; e Enivaldo Quadrado, ex-dono da corretora Bônus Banval, que atuava na área financeira da empresa GDF e foi condenado no processo da Ação Penal 470, o mensalão.

Fontes