28 de dezembro de 2020

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Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, juíza de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, foi assassinada a facadas pelo ex-marido, o engenheiro civil Paulo José Arronenzi, no dia 24 de dezembro de 2020, véspera do Natal, na Barra da Tijuca, localizado na Zona Oeste da capital do Rio de Janeiro.

O crime ocorreu no momento em que a vítima entregava as filhas ao pai, com quem esperavam passar a noite de Natal. O ataque foi filmado por uma testemunha, e no vídeo é possível perceber as três filhas implorando para o pai não matar a juíza. O laudo cadavérico apontou que foram dezesseis facadas, a maior parte na região do rosto. Meses antes, a juíza havia aberto mão do esquema de escolta policial, que visava justamente protegê-la de seu ex-marido, segundo uma amiga, "por pena dele".

De acordo o delegado Pedro Casaes, que investiga o caso, o crime foi premeditado, pois o ex-marido não aceitava o término do relacionamento. Em entrevista exibida no Fantástico, da Rede Globo, o delegado pontuou que: “Ele marcou nessa rua, que não é muito movimentada, estava um dia chuvoso. Não tiveram muitas testemunhas. A gente acredita que foi premeditado e que não foi um crime apenas passional. Ele era desempregado, então tinha muito interesse na condição financeira dela. Ele a chantageava, queria cada vez mais dinheiro.”

O caso ganhou repercussão nacional e manifestações de diversas autoridades e entidades, em especial do Poder Judiciário.

O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux manifestou em nota que: “O esforço integrado entre os Poderes constituídos e a sensibilização da sociedade civil, no cumprimento das leis e da Constituição da República, com atenção aos tratados internacionais ratificados pelo Brasil, são indispensáveis e urgentes para que uma nova era se inicie e a morte dessa grande juíza, mãe, filha, irmã, amiga, não ocorra em vão”.

O presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro também afirmou em nota: "Que o crime que vitimou a juíza Viviane seja um divisor de águas, iniciando-se a maior campanha de todos os tempos  contra a violência doméstica e familiar contra a mulher erradicando-se, de uma vez por todas, essa chaga do nosso Brasil!"

O presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro declarou: "Posso afiançar: esse crime não ficará impune. O feminicídio tem o repúdio veemente da sociedade brasileira. O Brasil precisa avançar. O que ocorreu nesta quinta-feira na Barra da Tijuca é absolutamente inaceitável".

A presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Renata Gil, que também é juíza do Estado do Rio de Janeiro, manifestou: "Nossa solidariedade aos familiares e amigos da juíza estadual Viviane Arronenzi, assassinada brutalmente, supostamente pelo ex-marido. O feminicídio é o retrato de uma sociedade marcada ainda pela violência de gênero. Precisamos combater esse mal!".

A guarda das três filhas da juíza ficou com a avó materna. No sábado (26), a avó, representando suas três netas, entrou com pedido de bloqueio das contas bancárias do acusado, a fim de garantir o sustento destas. A Justiça do Rio concedeu o bloqueio de 640 mil reais do acusado. Na decisão, o juiz justificou que pelo fato do acusado ter cidadania italiana, haveria risco do dinheiro ser transferido para o país europeu por meio de terceiros.

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