28 de outubro de 2024

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Um coquetel Molotov foi atirado na lateral do jornal papuano Jujur Bicara, popularmente conhecido como Jubi, um ato que foi rapidamente acusado por grupos de jornalismo e direitos humanos de ser um ataque à liberdade de imprensa na Indonésia.

A bomba destruiu dois carros antes que funcionários do Jubi conseguissem apagar o fogo. Esse não é o primeiro ataque ao Jubi. Em 2023, o editor do Jubi, Victor Mambor, fez uma queixa à polícia depois que uma bomba foi colocada perto da sua casa. Em uma postagem no X (antigo Twitter), ele escreveu sobre a série de ataques contra ele, que ele acredita estarem todos conectados ao seu trabalho como jornalista.

As autoridades foram criticadas por não investigarem propriamente os ataques anteriores.

O Jubi é conhecido por seu jornalismo crítico na Papua, uma ilha que luta por independência desde que o governo da Indonésia anexou a região em 1963. O governo indonésio foi acusado de perpetuar o racismo na Papua, oprimindo com violência o povo indígena de lá, e silenciando a cobertura de mídia que denuncia os abusos.

O Jubi publicou reportagens sobre vários tópicos controversos, incluindo o impacto de projetos de larga escala na população local e os abusos de direitos humanos contra as comunidades indígenas. Jornalistas e instituições estrangeiros também não conseguem entrar facilmente na Papua, o que faz o trabalho de jornais independentes como o Jubi importantes para promover o acesso a informação verídica.

Em outro post no X, Mambor publicou um vídeo do ataque:

Grupos de jornalismo e da sociedade civil rapidamente condenaram o ataque ao Jubi. A União dos Trabalhadores da Mídia e Indústria Criativa para a Democracia descreveu o ataque como um “ato irresponsável” e acrescentou que “esse ato não vai desencorajar o trabalho jornalístico que está do lado da verdade”.

A Aliança de Jornalistas Independentes enfatizou que “é urgente garantir que a mídia pode operar sem medo de retaliação”.

Chanry Suripatty, coordenador da Associação Indonésia de Jornalistas Televisivos de Papua-Maluku, disse em um comunicado que o ataque ameaça a liberdade de imprensa e a democracia na Papua:

Bernard Baru, um padre católico agostiniano e ativista, destacou o impacto do ataque no trabalho da mídia local. Ele também apontou que o ataque aconteceu poucos dias antes da inauguração do novo governo da Indonésia liderado por Prabowo Subianto, um ex-militar acusado de cometer abusos de direitos humanos durante o regime Suharto.

Gustaf Kawer, diretor da Associação dos Advogados de Direitos Humanos de Papua, apressou as autoridades a prenderem quem foi responsável pelo ataque:

A Rede de Apoio da Papua Ocidental Merdeka expressou solidariedade com o Jubi e outros jornalistas que continuam a reportar sobre a situação na Papua:

Fontes

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