Portugal • 3 de fevereiro de 2006

PUMA da Força Aérea Portuguesa em exercícios para a recolha de astronautas no caso da aterragem de emergência vaivéns espaciais da NASA.
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A Força Aérea Portuguesa começou hoje (3), a operar oito dos doze helicópteros EH-101 Merlin que vão substituir os dez helicópteros PUMA, que têm actualmente mais de 30 anos de serviço.

A entrada ao serviço efectivo dos oito novos helicópteros, foi assinalada hoje na Base Aérea nº 6, no Montijo, numa cerimónia presidida pelo ministro da Defesa português, Luís Amado. Esta mesma entrada ao serviço dos primeiros EH-101 Merlin marca a retirada gradual ao efectivo dos últimos aparelhos PUMA que já operavam há cerca de 30 anos, 13 dos quais de origem francesa, recebidos, entre 1969 e 1971, no decorrer da guerra do Ultramar, tendo sido Portugal, o primeiro país a utilizá-los em situações reais de combate. O PUMA veio dar à Força Aérea Portuguesa uma maior capacidade de transporte aéreo do que a oferecida até então, pelos mais de 200 Alouette III em serviço.

Após o fim da guerra, os PUMA atribuídos às esquadras 711 e 751 foram utilizados em missões de busca e salvamento, transporte de doentes e evacuações. Seis deles, foram durante o seu serviço na esquadra 751 «Pumas», homenageados pelo Governo como «Novos Heróis do Mar», tendo salvo mais 1800 vidas nas águas portuguesas a partir da base do Montijo; transportaram ainda João Paulo II, por ocasião da sua visita a Portugal. Quatro dos restantes PUMA ao serviço da esquadra 711 «Albatrozes», a partir da Base das Lajes nos Açores, salvaram ainda mais de 339 vidas - tendo a missão de salvamento mais recente ocorrido ontem (2); também foram utilizados no transporte 2300 doentes entre as várias ilhas do arquipélago, estando ainda em cooperação com a Força Aérea dos Estados Unidos da América para o caso aterragens de emergência de vaivéns espaciais da NASA.

Quatro dos helicópteros PUMA ainda operacionais nos Açores e na Madeira continuarão em serviço, já que, os quatro novos helicópteros, de blindagem ligeira equipados para transporte táctico, salvamento e combate apenas serão entregues ao longo dos próximos meses.

Relativamente ao futuro a dar aos PUMA, Luís Amado admitiu a possibilidade destes serem convertidos para missões de protecção civil, em especial para serem usados no auxílio ao combate dos fogos florestais, e entregues ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Prometendo uma decisão sobre o assunto «a muito curto prazo».

«O Governo decidirá o futuro dos helicópteros PUMA no quadro da apreciação que está a ser feita em conjunto com outros sectores do Governo, nomeadamente o Ministério da Administração Interna, na possibilidade de os PUMA serem adaptados a outras missões, designadamente no âmbito da protecção civil», disse o ministro da Defesa.

«A muito curto prazo teremos uma opção definitiva em relação ao futuro dos PUMA», referiu.

AgustaWestland EH-101 Merlin num espectáculo aéreo.

O substituto dos PUMA, o EH-101 Merlin, foi adquirido por Portugal nas configurações: busca e salvamento (6 aeronaves); fiscalização de pescas e vigilância marítima (2 aeronaves); e transporte táctico, salvamento e combate (4 aeronaves); custaram 446 milhões de euros ao Estado Português, como resultado de um contrato assinado pelo anterior Governo socialista, de António Guterres, em 2001. O Merlin é reconhecido como o Rolls-Royce dos helicópteros modernos, havendo inclusive, uma versão deste helicóptero, desenvolvida em parceria com a norte-americana Lockheed Martin, escolhida para substituir a frota de aeronaves que transporta o presidente dos dos Estados Unidos. Possui flutuadores de emergência, dois barcos internos para 20 pessoas, um guincho primário e um secundário, tendo ainda um radar de busca que identifica e monitoriza 32 alvos em simultâneo, e sistemas que permitem operações nocturnas. Tem também como vantagem o aumento da capacidade de carga, sendo capaz de levantar mais de três toneladas e possui uma autonomia (oito horas e meia em voo) maior que a dos PUMA (cinco horas em voo), e uma velocidade máxima (309 km/h) também um pouco maior que a do seu antecedente (258 km/h), e um alcance máximo maior (1390 quilómetros, contra 560 quilómetros do PUMA).

Embora as doze unidades do EH-101 tenham custado 446 milhões de euros, estes deveram dar 60 milhões de euros em contrapartidas, relativamente a encomendas de fabrico de componentes nas oficinas da OGMA, mas este montante deverá crescer até à quase totalidade das contrapartidas previstas, 315 milhões de euros.

Missão mais recente

 
A Força Aérea tem quatro helicópteros PUMA em estado de prontidão nas Lajes.

Ontem, ao nascer do sol, um PUMA levantou voo com a missão de evacuar do navio Hekabe, que se encontrava a cerca de 250 quilómetros a sudoeste da ilha Terceira, nos Açores, um tripulante de nacionalidade russa com sintomas de uma grave crise de apendicite. Após reabastecimento no Faial o helicóptero, apoiado por um C-212-300 Aviocar, alcançou o Hebake pelas 08h25. Por volta das 09h35 a aeronave aterrou no aeroporto da Ilha do Faial e o paciente, que durante o voo fora assistido por uma equipa médica da Força Aérea, seguiu para o Hospital da Horta.

A 9 de dezembro de 2005 o navio russo «CP Valour» encalhou junto à ilha do Faial nos Açores, e passado uma semana com o decorrer das operações de recolha dos contentores do navio, para a posterior desmontagem do navio, um PUMA da esquadra 711 foi chamado para ajudar na retirada dos contentores com produtos perigosos do navio.

Fontes