25 de julho de 2024

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As facções palestinas rivais Fatah e Hamas assinaram uma declaração em Pequim para acabar com anos de discórdia e se unir para formar um governo de unidade nacional, anunciou a China na terça-feira.

"Representantes seniores de 14 facções palestinas realizaram negociações de reconciliação em Pequim de 21 a 23 de julho", disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. "As facções palestinas assinaram a declaração de Pequim sobre o fim da divisão e o fortalecimento da unidade nacional palestina."

Em Washington, autoridades dos EUA dizem que ainda não revisaram o acordo.

O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, reiterou na terça-feira que os Estados Unidos designaram o Hamas como uma organização terrorista e que Washington não vê nenhum papel para o Hamas na governança pós-guerra de Gaza.

"Deixamos claro que queremos ver a Autoridade Palestina governando uma Gaza unificada na Cisjordânia. Mas não, não apoiamos um papel para o Hamas", disse Miller durante um briefing.

"Não achamos que nada relacionado a esta declaração deva de alguma forma ter um impacto nas discussões em andamento para chegar a um cessar-fogo", acrescentou Miller.

As negociações em Pequim visam criar um roteiro potencial para uma Gaza pós-guerra assim que um cessar-fogo for alcançado entre Israel e o Hamas, encerrando o conflito de mais de nove meses em Gaza.

O ministro das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, disse à VOA que o acordo de terça-feira é "um passo à frente na promoção da reconciliação e unidade entre o povo palestino".

"A Indonésia espera que o que foi acordado possa ser implementado", disse Marsudi. "A questão da unidade é sempre transmitida pela Indonésia em todas as reuniões com as facções na Palestina. A unidade é a chave para os esforços para alcançar a paz e um futuro para a Palestina."

Yoni Machmudi, professor de história da Universidade da Indonésia, disse à VOA que uma Palestina independente não pode ser alcançada a menos que as facções palestinas existentes se unam.

"Portanto, esta é uma preparação para uma solução de dois Estados. Uma solução de dois Estados requer automaticamente o reconhecimento da existência de Israel", disse Machmudi.

O ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas em Israel, a maioria civis, de acordo com dados oficiais israelenses. Militantes do Hamas fizeram cerca de 250 reféns.

A resposta militar de Israel matou mais de 39.000 palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que não faz distinção entre combatentes e civis em seus números.

O Fatah e o Hamas estão em desacordo há décadas sobre suas respectivas posições em relação a Israel. O Fatah domina a Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia e assinou acordos de paz provisórios com Israel, enquanto o Hamas se recusa a reconhecer oficialmente o Estado judeu.

Nos últimos 17 anos, houve esforços do Egito e de outros países árabes para reconciliar o Hamas e o Fatah. Resta saber se o acordo alcançado em Pequim sobreviverá às realidades no terreno.

Os dois lados se dividiram violentamente quando os combatentes do Hamas expulsaram as forças do Fatah de Gaza em 2007 e assumiram o controle do enclave costeiro.

Fontes

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