Agência VOA

30 de agosto de 2009

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Há 10 anos, o povo do Timor-Leste votou por uma maioria esmagadora pela independência, da Indonésia. A exaltação inicial produzida por aquela experiencia não durou, abalada pela violência, provocada sobretudo pelas milícias pró-Indonésia, e mais pelas lutas internas e outras de carácter económico.

Bernardette Eligardo, oficial da polícia, em Timor, é uma cara familiar nas ruas de Dili. ”Está muito, muito calmo, sim, senhor. Espero que continue assim”. Bernardette Eligardo é oriunda das Filipinas, integrada na força policial das Nações Unidas de 1500 homens que ajudam a manter a paz em Timor- Leste.

Durante a década passada, o Timor Leste tem enfrentado ameaças tanto externas como internas. Depois de uma vitória esmagadora no voto pela independência da Indonésia, em 30 de agosto de 1999, o país foi dilacerado por uma vaga de violência pelas milícias pró-indonesias, violência em que morreram mais de mil pessoas, antes da intervenção das tropas australianas para estabelecer a ordem, enquanto ao mesmo tempo apareciam organizações internacionais de ajuda ao governo da nova nação empenhado em criar a estabilidade e paz na sociedade timorense.

O Timor-Leste governa-se através de um sistema parlamentar eleito. Mas em 2006, mais uma vez irrompeu a violência quando metade dos efectivos das forças armadas abandonou os seus postos, alegando descriminação. Na vaga de distúrbios que se seguiram entre grupos rivais das forças de segurança, mais de 100.000 pessoas viram-se forçadas a abandonar as suas casas.

O Primeiro-ministro de então, Mari Alkatiri, acusou os seus rivais políticos de instigarem os distúrbios numa tentativa para substituírem o seu governo, eleito pelo povo: “Se duas ou três instituições governamentais diferentes lutam entre si, significa que a democracia fracassou.”

Alkatiri afirma ter apresentado então a sua demissão como parte de um compromisso para evitar uma guerra civil, tendo, desde então, as Nações Unidas regressado ao país, assumindo a responsabilidade pela segurança.

Em 2007, foram realizadas mais eleições, mas passado menos de um ano, mais tarde, soldados rebeldes atingiam a tiro o Presidente José Ramos Horta, que todavia sobreviveu ao assalto armado, no qual foi alvejado também o Primeiro-ministro Xanana Gusmão, que saiu ileso.

Disse Xanana Gusmão que no aniversário da independência do país, o Timor-Leste deve escolher a alternativa da reconciliação e não da confrontação. “Este ano é muito importante para chegarmos a um consenso, para juntos decidirmos que não estamos pela guerra, ou pela repetição da má experiencia dos últimos 10 anos”.

Todavia, apesar das crises que o país enfrentou, Atul Khare, o representante especial das Nações Unidas em Timor-Leste, disse estar optimista acerca do futuro do país. “Não é a falta de crises, mas sim a forma como se enfrentam as crises, que definem as nações. Na minha opinião, o país está bem encaminhado no que respeita a promoção do consenso para a democracia e soluções de compromisso”.

Embora a independência não tenha trazido a prosperidade, as perspectivas do futuro são boas no que se refere a exportação do café, sobretudo dos distritos montanhosos, o Aleiu, em particular, sendo o Timor-Leste também rico em petróleo, nas zonas offshore, ainda por explorar.

O representante especial das Nações Unidas, Atul Kare, afirma que o Timor-Leste está a caminho para se tornar numa democracia vibrante. A construção de uma nação diz ele, é um processo lento e árduo, não se completa em apenas 10 ano. Isto é apenas o começo.

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