Brasil • 27 de novembro de 2014

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A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Famusp) anunciou hoje (26) medidas para coibir abusos sexuais em seu campus. Entre elas, a proibição da comercialização de bebidas com álcool e a suspensão, por tempo indeterminado, de festas na faculdade. As regras foram definidas em reunião da congregação da faculdade, reunida extraordinariamente nesta quarta-feira.

“O álcool está proibido por tempo indeterminado, inclusive para a recepção dos calouros no campus. O mesmo ocorre com as festas dentro da faculdade, que ficam suspensas até que se estabeleça um novo regramento para que elas possam ocorrer. O objetivo é garantir toda a segurança para os alunos nesses eventos”, diz trecho de nota distribuída pela faculdade.

Também foi aprovada a criação do Centro de Defesa dos Direitos Humanos, que dará assistência jurídica, psicológica e de saúde para alunos que se sentirem vítimas de qualquer tipo de violação. Haverá ainda uma ouvidoria. O centro promoverá debates e palestras em defesa da tolerância e do respeito à diversidade.

Segundo a faculdade, a grade curricular será alterada, abrindo mais espaço para disciplinas relacionadas aos direitos humanos. Ficou definida ainda a ampliação do sistema de vigilância eletrônica no campus.

“A defesa dos direitos humanos é prioridade dentro desta faculdade. Com essas medidas, estamos fortalecendo o acolhimento às vítimas e aumentando a segurança para nossos alunos. A determinação é de apurar todos os casos de abusos que venham a ser relatados. É meu compromisso priorizar o enfrentamento de casos de intolerância dentro da Faculdade de Medicina da USP”, disse em nota, o diretor da Faculdade de Medicina, José Otavio Costa Auler Junior.

Na última semana, após audiência no Ministério Público de São Paulo, o professor de clínica médica geral da Famusp, Mílton de Arruda Martins, que preside a comissão que averígua as denúncias de abusos sexuais – entre outros – na instituição, disse que um relatório com todas as ocorrências seria apresentado à congregação hoje. “A ideia é que a faculdade vai reconhecer a existência de todos os problemas, não vamos esconder nada”, disse o professor. O documento, no entanto, não foi divulgado à imprensa.

Em audiência pública no último dia 11, organizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), vários estudantes apresentaram denúncias sobre trotes violentos, estupros, abusos sexuais, racismo e discriminação social em festas da Faculdade de Medicina da USP. A comissão recebeu, oficialmente, quatro denúncias.

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