Brasil • 13 de maio de 2006

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O ex-secretário-geral do Partido dos Trabalhadores (PT) Sílvio Pereira falou perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos nesta última quarta-feira (10) e não confirmou o teor da entrevista publicada domingo passado pelo jornal O Globo. Na entrevista Pereira comentou sobre a corrupção no Brasil e disse que Marcos Valério pretendia arrecadar 1 bilhão com o PT no Governo.

A entrevista de Sílvio Pereira para O Globo

A entrevista dada por Sílvio Pereira não difere muito daquilo que já foi publicado pela imprensa a respeito do mensalão, nem da maior parte das conclusões dos relatórios das CPIs e Ministério Público. Uma possível novidade é o facto de Sílvio Pereira ter mencionado os nomes do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Senador Luiz Mercadante (PT), além de Delúbio Soares, José Genoíno e José Dirceu. Todas essas lideranças, segundo o que teria dito Pereira, ocupavam um degrau acima na hierarquia do PT e por causa disso teriam maior responsabilidade pelas irregularidades praticadas dentro do PT, responsabilidade essa maior do que a dele que era apenas um secretário-geral.

Sílvio Pereira também teria dito que "Marcos Valério pretendia arrecadar 1 bilhão com a ajuda do PT no governo", que "atrás de Marcos Valério há outros 100 Valérios" e que o mensalão continua.

Segundo a repórter de O Globo que entrevistou Sílvio Pereira, ele arrependeu-se de ter feito suas declarações e chegou a pedir a ela, bastante nervoso, para que não saísse nada publicado no jornal. Ainda com a repórter em seu apartamento, Pereira teria tido uma crise nervosa, arrancado as anotações e o gravador da repórter, derrubado objetos. No incidente Sílvio Pereira também feriu a mão.

Depois que a entrevista foi publicada, o Presidente do PT Ricardo Berzoini rechaçou as declarações de Sílvio Pereira e deu a entender que o ex-secretário era um homem desequilibrado mentalmente.

A ida de Sílvio Pereira à CPI dos Bingos já tinha sido requisitada durante o ano passado, visto que o nome do ex-secretário fôra envolvido nas denúncias sobre o mensalão. Depois da entrevista publicada domingo passado, os integrantes da CPI exigiram que Pereira prestasse depoimento para a CPI, nem que fosse trazido à força pela Polícia Federal.

O depoimento de Sílvio Pereira na CPI dos Bingos

Sílvio Pereira compareceu à CPI espontaneamente acompanhado de advogados. Nos dias anteriores tentou obter um "habeas corpus" junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O "habeas corpus" seria uma garantia para Sílvio Pereira não ser preso, mesmo que não respondesse a todas as perguntas ou não falasse a verdade. Contudo, o ministro do STF Marco Aurélio negou o pedido de habeas corpus.

Mesmo com o seu pedido de habeas corpus negado, Sílvio Pereira negou-se a assinar um termo de compromisso para falar a verdade na comissão.

Ao ser inquirido pelos senadores sobre o teor da entrevista para O Globo, Sílvio Pereira foi evasivo e disse que não se lembrava de nada.

Sílvio Pereira deu a entender que realmente falou o que saiu publicado pelo jornal O Globo. Contudo, o ex-secretário-geral do PT disse que não poderia confirmar suas declarações e que elas seriam uma invenção da sua cabeça.

Sílvio Pereira também disse que não deu uma entrevista, e que só teve uma conversa informal com a repórter para que ela produzisse uma reportagem sobre o seu perfil.

O depoimento de Sílvio Pereira foi bastante confuso e ele não confirmou explicitamente nenhuma das suas declarações que saíram no jornal, nem deu maiores explicações. O Presidente da CPI Senador Efraim Morais (PFL) leu para Sílvio Pereira toda a entrevista publicada pelo jornal, mesmo assim o ex-secretário não conseguiu explicar-se.

Numa ocasião durante o depoimento Sílvio disse: "Não sei mais onde está a verdade nessa entrevista, o que é verdadeiro, o que não é. Acho que o PT, a partir desse episódio, deve mudar a forma de atuar. Podia ser inverossímil, mas era a verdade."

Em outra, ao ser perguntado sobre o dinheiro que Marcos Valério pretendia arrecadar disse: "Não sei de onde tirei isso, se foi da imprensa, se foi da minha cabeça, não me lembro".

Ao responder à pergunta se tinha medo, o que implicaria na necessidade de proteção especial, Sílvio Pereira respondeu: " Eu tenho medo de mim mesmo".

Sílvio Pereira evitou comentar sobre outros políticos do Partido dos Trabalhadores. O ex-secretário-geral do PT isentou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de culpa nos episódios relacionados ao mensalão e chamou Lula de um grande líder.

Sílvio Pereira disse que quando falou que "o mensalão continua" falou de forma genérica para explicar que a corrupção irá continuar, independente da suposta participação do Governo ou do PT.

Fontes