Agência Brasil

Anthony Garotinho em 2011.
Rosinha Garotinho em 2003.

16 de novembro de 2016

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Policiais federais da Delegacia de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, prenderam hoje (16) o ex-governador fluminense Anthony Garotinho. Segundo a Polícia Federal, a prisão faz parte de investigações relativas ao uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos dos Goytacazes, para compra de votos.

Segundo informações da Delegacia Federal de Campos, Garotinho foi preso em sua casa, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, Garotinho é secretário de Governo do município de Campos (RJ), onde a mulher dele, Rosinha Garotinho, é prefeita.

Em nota, o Departamento da Polícia Federal em Campos, ao confirmar a prisão do ex-governador, disse ter cumprido hoje (16) dois mandatos judiciais contra o atual secretário de Governo da prefeitura de Campos. A prefeita de Campos é Rosinha Garotinho, mulher de Antony Garotinho.

O primeiro mandato foi o de prisão preventiva e o segundo de busca e apreensão em um imóvel de Garotinho, no bairro do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, onde ele foi preso.

Na nota, a Polícia Federal afirma que a diligência faz parte da Operação Chequinho, “que investiga a ação de uma associação criminosa montada com o objetivo de fraudar as últimas eleições no município”.

Por telefone, a Polícia Federal em Campos dos Goytacazes informou à Agência Brasil que o ex-governador será conduzido ainda hoje para aquele município e que outras prisões ainda poderiam ser feitas uma vez que a operação “continuava em aberto”.

Garotinho foi preso por volta das 10h desta manhã em um apartamento de sua propriedade, localizado na Rua Senador Vergueiro, no bairro do Flamengo. A prisão se deu em cumprimento a um mandado expedido pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira, da Justiça Eleitoral de Campos.

Reações editar

A prisão do secretário de Governo da prefeitura de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio, Anthony Garotinho “é arbitrária, ilegal e baseada em fatos que não ocorreram”. A afirmação foi feita à Agência Brasil pela assessoria de imprensa da prefeitura daquele município.

Segundo a nota em resposta a um pedido da agência, e atribuída ao escritório de advocacia que atende ao ex-governador e ex-deputado federal Anthony Garotinho, “estão sendo tomadas as medidas cabíveis e, em breve, ele terá a sua liberdade restabelecida”.

O criminalista Fernando Augusto Fernandes, responsável pela defesa de Garotinho, afirmou, também em nota, que o decreto de prisão ocorrido em razão de decisão da 100ª Vara Eleitoral de Campos vem na sequência de uma série de prisões ilegais decretadas por aquele juízo e suspensas por decisões liminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“A prisão a qual está submetido o ex-governador é abusiva e ilegal e decorre de sua constante denúncia de abusos de maus tratos a pessoas presas ilegalmente naquela comarca. Estas denúncias de abuso foram dirigidas à Corregedoria da Polícia Federal e ao juiz, que nenhuma providência tomou”, diz na nota o criminalista.

Segundo ele, pessoas presas mudaram vários depoimentos após ameaças do delegado da Polícia Federal que conduz o caso. O nome dele não foi revelado. “No entanto, o TSE já deferiu quatro liminares por prisões ilegais. A Justiça certamente não permitirá que este ato de exceção se mantenha contra Garotinho”, diz. O advogado adiantou, ainda, que a defesa irá ingressar com habeas corpus ainda hoje visando a liberdade de Garotinho.

Cheque Cidadão editar

A Operação Chequinho investiga o uso eleitoral do programa Cheque Cidadão. A superintendência da Polícia Federal em Campos informou ainda que, ao longo do dia, dará mais em aberto e novas prisões poderão ser efetuadas.

A Operação Chequinho foi deflagrada no último dia 19 de outubro, quando foram presos os vereadores Miguel Ribeiro Machado e Ozéias Martins, que, segundo a Polícia Federal, eram responsáveis por recolher documentos para o cadastramento dos eleitores no programa.

Na segunda fase da operação foi presa em Copacabana, também na zona sul, a vereadora eleita Linda Mara Silva, ex-assessora particular da prefeita Rosinha Garotinho. Foram presas a ex-secretária de Desenvolvimento Humano e Social, Ana Alice Alvarenga, e a radialista Beth Megafone.

Várias outras pessoas, em sua maioria políticos, também já foram presas em decorrência da mesma operação, inclusive a ex-coordenadora do Cheque Cidadão, Gisele Koch, e a o vice-presidente da Câmara, Thiago Virgílio, que já estava afastado de suas funções.

Histórico editar

Além de ex-governador, Garotinho também foi deputado federal e prefeito de Campos dos Goytacazes. Em 2002, foi candidato à presidência e ficou em terceiro lugar na recontagem dos votos, só perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra (PSDB). Após primeiro turno, decidiu apoiar Lula, que foi eleito.

Foi secretário de segurança do Estado sob governo da esposa Rosinha (2003-07) e com resultado desastroso, saiu em 2004, sem abandonar a política, desfiliando-se PSB e ir ao PMDB. Em 2005, rompeu com Lula na época do Escândalo do Mensalão, apoiando Geraldo Alckimin (PSDB), em retaliação ao PMDB que preferiu manter aliança com Lula, mas ele foi reeleito.

Fontes editar