2 de junho de 2020
Os wikipedistas ucranianos discutem banir vários meios de comunicação. O motivo foi a divulgação, por jornalistas, dos detalhes do estupro em Kagarlyk, o que um usuário considerou antiético.
Estupro em Kaharlyk
Na noite de domingo (24), Sergei Sulima e Nikolai Kuziv, policiais da cidade de Kaharlyk, região de Kiev na Ucrânia, convidaram Nelya Pogrebitskaya, de 26 anos, para testemunhar sobre um roubo a uma loja. Alegadamente, ela era testemunha do crime.
Segundo relatos da mídia, a mulher acabou sendo torturada — um dos policiais colocou uma máscara de gás e algemas nela, além de ter lhe estuprado. Durante o crime, os policiais supostamente usaram álcool e drogas e forçaram a vítima a fazê-lo também.
A tortura e o estupro duraram das sete da noite às quatro da manhã. Nelya perdeu a consciência várias vezes. De manhã, ela foi ao hospital reclamando dos espancamentos e estupro.
No mesmo dia, policiais teriam atacado um homem na delegacia, espancado e ameaçado de estupro. Ele tem o nariz e várias costelas quebradas. A mídia detalhou e denunciou os crimes, que obteve grande repercussão.
As autoridades ucranianas reagiram prontamente. No dia seguinte (25), abriram um processo criminal, demitiram os culpados e os levaram para um centro de detenção antes do julgamento. No entanto, a sociedade ucraniana continua a exigir medidas sistemáticas para prevenir esses crimes.
Envolvidos
No processo de investigações, os jornalistas coletaram materiais sobre o caso, procuraram informações sobre os supostos criminosos e a vítima e suas famílias, e conversou com pessoas que os conheciam.
Um dos suspeitos, Nikolai Kuziv, ex-chefe do setor de polícia criminal, nasceu em 1985 em Truskavets, é casado e tem dois filhos. Alguns dos interlocutores entrevistados pelos jornalistas falaram pouco sobre Nikolai.
O segundo suspeito, Sergey Sulima, nasceu na vila de Krasnaya Slobodka, região de Kiev em 1991 e também é casado. O nome da sua esposa é Anna e ela está profundamente preocupada com o que aconteceu. Eles têm uma filha de 7 meses. Os conhecidos falaram positivamente de Sergey e não acreditam que ele possa ter cometido um crime.
A vítima, Nelya Pogrebitskaya, nasceu em 1994. Vive na vila de Stavy, que fica a cerca de 20 minutos de Kaharlyk. Ela tem uma filha de 5 anos com paralisia cerebral. Segundo os vizinhos, Nelya supostamente brigava com o marido, possivelmente por causa de ciúmes. Segundo os moradores, agora Nelya mora sozinha.
O advogado da vítima, Yevgeny Melnichenko, em sua página no Facebook, disse que estava trabalhando gratuitamente e que a mulher havia sido atraída e levada por seu vizinho. "O vizinho agora é procurado. Ele tem três filhos e é divorciado", afirma.
Wikipédia ucraniano
Na noite de 29 de maio, um administrador da Wikipédia em ucraniano iniciou uma discussão, no qual sugeriu banir diversos jornais. Como justificativa, ele citou investigações jornalísticas sobre o estupro em Kaharlyk, afirmando que elas "violam a ética".
“Saudações. Após o estupro de uma mulher em Kaharlyk, alguns meios de comunicação ucranianos ultrapassaram o limite, revelando o nome da vítima, nascimento, sua foto, local de residência e detalhes da vida privada. Não é a primeira vez que a mídia ucraniana viola a ética de reportar eventos, distorcê-los ou perder o lado ético do jornalismo.
O estado não responde a essas ações; na maioria dos casos, essas notícias são formalmente legais, mas na verdade elas divulgam dados pessoais ou distorcem os fatos. Proponho resolvermos isso com nossas próprias mãos e, em conjunto, encontrar uma solução que possa proteger o Wiki de falsificações.
Proponho adicionar à lista negra alguns sites de notícias que (de acordo com estudos independentes) influenciaram a cobertura dos eventos por pelo menos um ano. Um ano depois, retorne à discussão e determine se a política mudou”.
— Goo3 17:08, 29 de maio de 2020 (UTC)
A proposta vem gerando críticas, pois inclui publicações que não estão conectadas com eventos recentes na região de Kiev. Além disso, teria motivações políticas. O usuário Submajstro afirmou que, "para uma apresentação neutra e equilibrada dos eventos, como as regras da Wikipédia exigem, são necessárias fontes que avaliem o tópico sob diferentes ângulos".
O usuário Dgho disse que os "meios de comunicação publicam informações sobre vários tópicos, por exemplo, notícias locais, sobre as quais podem ser considerados autoritários e imparciais para fins da Wikipédia". Yukh68 sugeriu que cada mídia fosse considerada separadamente e que os jornais poderiam ser usados em outros casos.
NickK chamou atenção para o fato de pessoas com um número mínimo de edições participarem, o que cria a ilusão de apoio de massa.
Fontes
Esta notícia é uma tradução completa ou parcial de "Изнасилование в Кагарлыке стало поводом для предложения политической цензуры в Украинской Википедии", proveniente de Wikinotícias em Russo. |
- ((ru)) Внутрішня безпека Нацполіції затримала двох поліцейських Кагарлицького відділу поліції за підозрою у зґвалтуванні [inativa] — MVS, 20 de maio de 2020. Página visitada em 3 de junho de 2020
. Arquivada em 3 de junho de 2020 - ((ru)) Адвокат о жертве насилия из Кагарлыка: Ей отомстили за то, что не хотела отношений с одним из полицейских — KP, 27 de maio de 2020
- ((ru)) У Київській області дівчина звинуватила двох поліцейських у зґвалтуванні: правоохоронців затримали — TSN, 25 de maio de 2020
- ((ru)) Все що відомо про жертву ґвалтування у Кагарлику: збирали кошти всім селом на лікування дитини — TSN, 26 de maio de 2020
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