Agência Brasil

Após assembléia, estudantes ocupam totalmente o prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB), pedindo a saída do reitor Timothy Mulholland. Foto: José Cruz/ABr

8 de abril de 2008

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Sem água e luz, os estudantes acampados no prédio da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) dormiram pela quinta noite no local. Na tarde de ontem (7), por volta das 16h, cerca de 500 estudantes dominaram todos os andares da reitoria, que antes era ocupada apenas parcialmente. Houve confronto entre os alunos e os seguranças que tentavam conter o acesso dos estudantes. Os alunos pedem a renúncia do reitor Timothy Mulholland, acusado de usar verbas da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos) para comprar móveis de luxo para seu apartamento funcional.

"A Administração Superior da UnB conclama aos estudantes, uma vez mais, que desocupem o prédio da reitoria e participem do processo de aperfeiçoamento institucional", diz uma nota, emitida pelos estudantes.

A ação ocorreu após deliberação em assembléia dos estudantes que decidiram defender a livre circulação pelo prédio. Na nota, o movimento de ocupação admitiu que também houve excessos na ação dos estudantes. Durante a tentativa de ocupar todo o prédio houve empurra-empurra e troca de agressões. “Apesar deste episódio, reafirmamos o caráter pacífico e legítimo da ocupação”, informaram no documento.

No fim do dia, a UnB divulgou nota em que afirma que “frustradas as negociações, o assunto volta à esfera do Judiciário”. Na sexta-feira (4), a Justiça expediu mandado de reintegração de posse do prédio, que deveria ter sido executado na tarde de hoje (7) pela Polícia Federal, conforme acordo feito ontem (7). As salas estão trancadas e os estudantes ocupam os corredores do prédio. No início da noite, cerca de 300 alunos ainda estavam no local.

Ontem pela manhã, a assessoria de comunicação da universidade distribuiu um documento com 11 pontos para atender as reivindicações dos alunos. Para os estudantes, as propostas feitas pela universidade são vazias.

“No primeiro dia a gente ocupou disposto a negociar e a primeira coisa que a reitoria fez foi cortar a água e a luz. Aquele documento, em termos de compromisso, não vale nada”, disse Iuri Soares, aluno do curso de história, e membro da comissão de comunicação do movimento.

A assessoria de comunicação da universidade reiterou que vários serviços realizados no prédio da reitoria estão prejudicados em virtude da ocupação. Entre eles, a emissão de diplomas, concessão de auxílios a estudantes e até mesmo a folha de pagamento dos funcionários da instituição.

Durante a primeira assembléia, às 12h, representantes de centros acadêmicos de outros cursos posicionaram-se contra a ocupação.

“Existem posições contrárias a atitudes como essa (ocupação da reitoria) que não representa a democracia. É lógico que a gente quer que o (reitor) Timothy (Mulholland) vá embora, mas a gente está fazenda uma coisa tão errada quanto, cometendo uma ilegalidade”, defendeu Daniel Rebelo, aluno de relações internacionais.

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