13 de março de 2021

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O Departamento de Estado americano confirmou que vai manter suspensa a ajuda financeira à maioria dos programas no sector da segurança com a Etiópia depois do chefe da diplomacia Antony Blinken ter descrita a acção do exército na província do Tigray como limpeza étnica.

O Governo de Addis Abeba refuta a acusação de limpeza étnica e diz que houve exagero de Blinken.

O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse na sexta-feira, 12, que, embora os Estados Unidos tenham decidido retomar certos programas nos domínios da saúde esegurança alimentar, a assistência na maioria dos programas no setor de segurança continuam suspensos.

Na quarta-feira, 10, ao testemunhar na Comité das Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, Antony Blinken exortou o Governo da Etiópia a acabar com as hostilidades em Tigray e que as forças no local sejam substituídas “por forças de segurança que não abusem dos direitos humanos do povo de Tigray ou cometam actos de limpeza étnica, que vimos no oeste de Tigray".

Conversa entre Blinken e Guterres

Numa conversa telefónica na quinta-feira, 11, com o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, o chefe da diplomacia americana analisou a necessidade de uma investigação internacional às denúncias de abusos de direitos humanos na região.

Em nota o Departamento de Estado informou que Blinken também pediu "maiores esforços regionais e internacionais para ajudar a resolver a crise humanitária, acabar com atrocidades e restaurar a paz na Etiópia".

Addis Abeba refuta acusações

Entretanto, em comunicado divulgado neste sábado, 13, pela agência de notícias EFE, o Ministério das Relações Externas da Etiópia refuta a acusação de limpeza étnica.

“Nada durante ou após a principal operação de repressão em Tigray pode ser identificado ou definido, por quaisquer padrões, como limpeza étnica intencional contra alguém", lê-se na nota que se dirige directamente ao Governo americano.

"As alegações e acusações directas de limpeza étnica em Tigray feitas por Antony J. Blinken durante a sua declaração perante o Comité de Relações Exteriores do Congresso norte-americano são um veredicto falso e espúrio contra o governo da Etiópia", diz o Ministério que acusa Blinken de “exagero” e diz que o Governo de Addis Abeba sempre se manifestou "inequivocamente" a favor de uma investigação completa sobre as alegadas atrocidades ocorridas em Tigray.

Desde a ofensiva do exército da Etiópia contra o Governo regional no Tigray, a 4 de Novembro de 2020, milhares de pessoas morreram, centenas de milhares foram expulsos das suas casas e há escassez de alimentos, água e remédios na região para mais de 5 milhões de pessoas.

Fontes