Brasil • 6 de fevereiro de 2015

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A escolha do ex-presidente do Banco do Brasil Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, em substituição a Graça Foster, pretende resolver de forma emergencial os problemas enfrentados pela companhia para fechar o balanço do último trimestre, afirma o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Bruno De Conti.

“Ele não é um nome alinhado ou que tenha experiência na área de petróleo, gás e energia. Fica muito claro que a escolha dele tem um componente emergencial, que dá um jeito na questão do balanço. A experiência que ele tem é do Banco do Brasil”, diz o professor da Unicamp ao analisar a mudança de comando na empresa petrolífera brasileira. Na última quarta-feira, a Petrobras divulgou – após dois adiamentos – o balanço do último trimestre da companhia. O documento, no entanto, foi publicado sem passar por uma auditoria independente e não trouxe as perdas da empresa em decorrência da corrupção.

“Nesse sentido, é um nome que é funcional para o curto prazo. Não é um nome que vá olhar para o futuro da Petrobras no médio e longo prazos. Não sei se é uma pessoa que tem cacife para isso. Não é o perfil, pelo menos. Eu acho que a escolha tem mais esse imediatismo de resolver o problema maior e emergencial dos balanços”, enfatiza o professor.

Para ele, a escolha de uma pessoa já ligada a uma estatal, e próxima do Palácio do Planalto, é positiva, tratando-se de uma empresa pública “Sendo uma empresa pública, parece razoável que seja uma pessoa alinhada aos projetos do governo [o novo presidente]. E me pareceria estranho o contrário." O professor admite que teve medo de ser escolhido com perfil de quem pudesse, no futuro, "tentar mexer no sistema de partilha do pré-sal, mudar para concessão, ou que pudesse se esforçar para mudar as regras de conteúdo nacional da Petrobras". Para ele, essas regras são importantes e devem ser mantidas.”

Para o professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Roberto Feldmann, os nomes dos escolhidos para a diretoria da companhia não merecem tanta relevância na análise do momento. “Os nomes não são muito importantes. O que importa nesse caso é a vontade da presidenta Dilma [Rousseff] de forçar a investigação correta do que aconteceu, e impor medidas para que não venham a ocorrer novamente.”

Para Feldman, a liberdade do novo presidente para corrigir os problemas da empresa é o que importa no momento. “Tem de estar claro para todo mundo que ele tem de receber o poder da presidenta para executar as mudanças que têm de ser executadas. São mudanças muito duras e amargas. Só mesmo se houver um respaldo forte da presidente Dilma, ele vai conseguir fazer o que tem de ser feito”, afirmou.

Sobre a reação do mercado aos nomes escolhidos, o professor ressalta que a BM&F Bovespa tem a característica de ser muito especulativa e, por isso, não pode ser considerada um bom “termômetro” de avaliação. “O mercado tem realmente esse estereótipo, queria que fosse um grande executivo de uma grande multinacional, ou de uma grande empresa privada. Não acho que isso seja necessário. O mercado se frustrou por causa disso. A Bovespa é uma coisa extremamente especulativa. Acho que também não é um bom balizador para se saber se a decisão da presidente foi boa ou ruim”, concluiu.

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