Agência Brasil

25 de setembro de 2008

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O presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou ontem (24) não pagar o empréstimo de mais de US$ 200 milhões concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento das obras da central hidrelétrica equatoriana de San Francisco. A informação é da BBC Brasil.

Nós estamos pensando seriamente em não pagar o crédito do BNDES, que foi concedido por meio da Odebrecht para a construção da hidrelétrica. Ainda mais um empréstimo de mais de US$ 200 milhões para um projeto que não presta.

O presidente equatoriano também questionou o fato de o empréstimo do BNDES ter sido direcionado diretamente à Odebrecht, mas "legalmente" constar como dívida interna do Equador com o Brasil. “É um dinheiro que nem entra no país”, disse.

Para ele, a crise com a Odebrecht não deverá afetar as relações bilaterais com o Brasil. "Não acredito que haja repercussões internacionais. Eu gosto muito do Brasil, mas o que essa empresa fez no Equador é terrível", afirmou.

Terça-feira (23), Correa determinou o embargo dos bens da construtora, a ocupação das obras da empresa pelo Exército e proibiu que os funcionários deixassem o país.

O governo equatoriano exige o pagamento de uma indenização de U$ 43 milhões por falhas no funcionamento e paralisação da central hidrelétrica, que é a segunda maior do país. De acordo com o governo, a San Francisco apresentou falhas e deixou de funcionar um ano depois de serem concluídas as obras pela Odebrecht, colocando em risco o abastecimento de energia no Equador.

Ainda segundo a BBC Brasil, a construtora brasileira informou, por meio de um comunicado, ter uma proposta "altamente positiva para o governo equatoriano", em que resguarda as possíveis perdas da Hidropastaza, proprietária da central hidrelétrica. Além disso, disse que está disposta "a pagar a quantia exigida pelo governo equatoriano, a contratar uma auditoria internacional independente a fim de determinar as responsabilidades das partes envolvidas no projeto, a pagar os trabalhos imediatos de recuperação da central hidrelétrica, independentemente do resultado da auditoria, e a estender a garantia da obra".

A posição do ministro de Setores Estratégicos do Equador, Derlis Palácios, no entanto, é que "todas as instâncias" de diálogo entre o governo e a empresa “foram esgotadas”, já que um acordo entre eles vinha se arrastando havia dois meses. "O Equador se cansou desta empresa, se cansou que manipule os organismos de controle”, afirmou o ministro, em entrevista a uma rádio equatoriana, ressaltando que a Odebrecht “não voltará” ao país.

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