24 de outubro de 2020

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Centenas de estabelecimentos comerciais não abriram as portas nesta sexta-feira (23), na Beira, a segunda maior cidade de Moçambique, no primeiro de três dias de protestos contra raptos, convocados por um movimento empresarial.

Um grupo de empresários anunciou que o comércio formal vai encerrar por três dias consecutivos, numa greve pacífica para forçar o governo a garantir a segurança dos cidadãos e a encerrar os raptos, que se tornaram uma “realidade endémica”.

A greve dos empresários tem o apoio de grande parte da população que quer um governo mais atuante na garantia da segurança da sua população, sobretudo da classe que dinamiza a economia do país.

“Esses raptos de certa forma acabam nos afetando indiretamente, são irmãos que ficam desempregados com a desistência nos negócios por parte dos empresários, e nós, ambulantes, ficamos sem ter onde comprar produtos”, contou Afonso Paulo, um vendedor ambulante.

O analista Sansão Nhancale considera que a paralisação vai afetar em cascata o comércio informal, por encontrar-se inteiramente dependente do formal, com consequências sociais drásticas.

“Estes empresários representam de 70 a 80 por cento do comércio formal na Beira e a paralisação irá afetar a economia da cidade e com consequências sociais que dai advém”, afirma Nhancale.

Ao anunciar a greve ontem, Zeyn Badati, porta-voz dos empresários, afirmou que “cada rapto mina a confiança no país, retrai o investimento nacional e estrangeiro, destrói negócios viáveis já instalados, desacredita o Estado e seus agentes e empondera o crime e os criminosos”.

Os empresários disseram que as cidades de Beira e Maputo, a capital, tornaram-se “em paraíso para as quadrilhas de raptores” e acusam o governo de pouco fazer para parar a criminalidade.

“Nós cumprimos com as nossas obrigações, contribuir com os nossos impostos”, mas o Estado não garante a segurança e “a omissão por parte do Estado moçambicano está a fortificar a indústria dos raptos”, afirma o movimento.

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