Agência Brasil

6 de janeiro de 2009

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O embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, disse ontem (5) que não haverá rendição do povo palestino diante da ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza, que ocorre mais efetivamente, por terra, desde o último sábado (3).

“A única maneira para solucionar o conflito é negociar. Não negociar só com bombas. Isso não é negociação, é rendição. E nosso povo não vai se render”, disse o embaixador que nasceu na Jordânia e está no Brasil há seis meses. Al Zeben já representou a Palestina em Cuba e na Colômbia.

Em entrevista à Agência Brasil, Al Zeben ressaltou que Israel deve ser levada a julgamento internacional por crimes de guerra e por desrespeito aos tratados internacionais.

“Essa ofensiva não é contra Gaza, contra o Hamas, contra os palestinos. É contra o direito internacional. A quantidade de civis, de escolas, de santuários destruídos é uma ofensa contra o direito internacional, contra a convenção de Genebra que protege os civis, o patrimônio. Israel deve ser condenada nesse caso. Devemos promover uma campanha séria, real, que ponha um fim às atitudes agressivas, que podem ser catalogadas como crime nessa guerra”, destacou.

O embaixador destacou ainda que a comunidade palestina deve agradecer ao governo brasileiro pelo esforço que vem sendo feito no sentido de intermediar uma solução para o conflito.

“O Brasil tem tido um papel importante. Estamos em um mundo no qual as distâncias geográficas não definem muita coisa”, disse.

Ele corroborou a avaliação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada sobre o poder de veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança das Organizações das Nações Unidas (ONU) que estaria "protegendo Israel ao logo de 60 anos”.

O Brasil, por meio do Ministério das Relações Exteriores vem trabalhando na organização de uma reunião emergencial para discutir propostas para o fim dos ataques de Israel na Faixa de Gaza.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, conversou com autoridades de outros países, inclusive com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, sobre a proposta. No entanto, de acordo com o Itamaraty, ainda não há previsão de data, nem de local para a reunião.

“Toda comunidade internacional está fazendo um esforço para que Israel respeite a convenção de Genebra, mas Israel não está cumprindo. Quando o assunto chega à ONU, os Estados Unidos usam o direto de veto. Como Israel sabe que ninguém pode tomar uma resolução contra suas atitudes e agressões, segue mantendo essa atitude. São agressões sucessivas, durante 60 anos. Isso porque é protegida perante o direito internacional”, considerou.

O embaixador disse que tem esperanças em uma mudança de comportamento dos Estados Unidos após a posse do presidente eleito Barack Obama.

“Estamos há 60 anos com a esperança de que os Estado Unidos mudem sua atitude. O senhor Obama pode fazer muitas ações de mudanças pelo bem da humanidade. Está na sua mão obrigar todo mundo a cumprir o direito internacional”, destacou.“Nós não queremos ver mais sangue derramado, nem de israelense, nem de palestino, nem de ninguém”, completou.

Al Zeben considerou que a Autoridade Palestina já fez o que podia para promover a paz na região. “Já estendemos nossa mão. Os árabes fizeram o mesmo. Apresentamos uma iniciativa bem clara: paz em troca do cumprimento dos diretos internacionais. Israel se retira dos territórios palestinos ocupados e, imediatamente, se estabelecem relações normais, com o estado de Israel” destacou.

O embaixador afirmou que o povo palestino já cedeu tudo o que podia em termos de território.“Nós já cedemos. Nós cedemos os 78% do nosso território. Israel está edificado em 78% do território palestino. Antes de 1948 não existia. A partir de 1948 eles se constituíram e nós já aceitamos isso. O problema é que Israel não aceita que os 22% que sobraram fique com os palestinos. Por isso, constrói muros, faz guerras”, considerou.

Al Zeben ainda considerou que tanto o Hamas, quanto o Fatah estão em sintonia com o povo palestino e não condenou a atitude do grupo Hamas de lançar foguetes contra Israel, fator, que segundo ele, é utilizado apenas como pretexto para a “desproporcional” ofensiva israelense.

“É só um pretexto. A ofensiva não é proporcional aos foguetes lançados pelo Hamas. Israel estava planejando atacar Gaza desde o fim da Guerra do sul do Líbano. Não é uma ação repentina. É preciso ter punição para que se cumpra o direito internacional. Os responsáveis por essa chacina e por outras contra o povo palestino devem ser levados à Justiça Internacional. Israel deve se retirar de Gaza. Temos mais de 500 mortos e mais de 2,5 mil feridos”, comentou.

O embaixador destacou que o primeiro ponto da negociação deve ser no sentido de parar a ofensiva e depois de garantir ajuda aos atingidos. “Nosso objetivo número um é fazer parar essa agressão imediatamente para que não morram mais pessoas no território. Em segundo lugar, precisamos de ajuda humanitária”, apelou.

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