Brasil • 25 de março de 2015

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O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, defendeu hoje (25), no Fórum Social Mundial (FSM), mais diálogo da presidenta Dilma Rousseff com os movimentos sociais. Boaventura participou de todos os encontros promovidos pelo FSM, desde a sua criação, em 2001, em Porto Alegre.

“Ela [Dilma] está com tempo para inverter este caminho [de distanciamento] e de rapidamente procurar o apoio dos movimentos sociais. Mas é preciso vontade política”, disse. Para ele, a situação social e política mudou muito desde o início da década de 2000, quando havia um grande ânimo de transformação social e política e grande participação social. Muitos países da América Latina, segundo ele, atravessam dificuldades, e é preciso aprender com os erros.

“Penso que houve muitos erros que se cometeram ao longo desses anos, alguns deles têm a ver com o fato de a energia da participação social, que foi fundamental na transformação política, de uma certa maneira, se atenuou. Os movimentos sociais não devem esmorecer, devem fazer pressão sobre os governos progressistas que ainda existem para eles não se renderem totalmente”, disse Boaventura, que também é fundador da Universidade Popular dos Movimentos Sociais.

Para a secretária de Cidadania e Diversidade do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, é decisivo pensar a participação nas urnas e nas ruas. “Temos visto um Brasil desde 2013 nas ruas com manifestações da esquerda e da direita. Isso é absolutamente legítimo. O que falta, talvez, seja uma integração maior entre os mecanismos da rua com o voto, ou seja, as pessoas querem ser cogestoras das políticas do Estado.”

Segundo Ivana, o Estado e os movimentos sociais têm de reinventar as formas de participação para que haja uma ponte entre as manifestações e as políticas públicas. “O aparato de Estado é lento, ele custa a incorporar as inovações sociais, só que as pessoas estão cada vez mais intolerantes com essa velocidade. Muitas das manifestações que se veem nas ruas refletem o desejo de que o Estado se desengesse e crie uma velocidade nova para atender a um mundo que está online, conectado. Em relação aos movimentos sociais, só manifestação não basta. Tem que ter propostas. A pergunta para os movimentos é: 'o que fazer depois que você sai da rua?'”.

Boaventura e Ivana integraram, na Casa Brasil, uma mesa de debate sobre participação social. A Casa Brasil é um espaço promovido por organizações que fazem parte da delegação brasileira. O Fórum Social Mundial vai até sábado (28) na Universidade El Manar, na capital tunisiana.

Quanto aos comentários do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos sobre DIlma Rousseff e seu governo, a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência divulgou uma nota em que informa que desde 2003, o Brasil iniciou um ciclo importante de mudanças com conquistas sociais, como a retirada de 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, o que contribuiu para o aumento da participação da população não só no acesso às políticas públicas, mas também na formulação delas.

Segundo a nota, o governo brasileiro também ampliou a capilaridade do Estado, por meio de uma estrutura de participação social que se tornou referência em todo o mundo, citando como exemplo os diversos conselhos temáticos, mesas de negociação e diálogo, conferências e a Política Nacional de Participação Social. “A democracia participativa é um compromisso e um método deste governo. Avançamos muito nesse campo. De 1941 a 2002, por exemplo, foram realizadas apenas 41 conferências temáticas. Já de 2003 a 2014 foram 103, que envolveram mais de 8 milhões de pessoas”, disse o chefe da assessoria internacional da Secretaria-Geral, Jeferson Miola.

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