1 de novembro de 2016
As abstenções, os votos brancos e nulos no segundo turno das eleições municipais no Brasil somam 32,5% do eleitorado (cerca de 32,9 milhões de pessoas) que foi chamado a votos neste domingo, 30, para a segunda volta das eleições municipais.
No total, 3,6 milhões de brasileiros votaram contra os candidatos que estavam em disputa.
Outros 7,1 milhões de eleitores (21,6%) não compareceram às urnas para registrar o voto.
Na avaliação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes, há um “estranhamento” entre o eleitor e os políticos que o representam.
Ele ainda entende ser equivocada a avaliação de que o elevado índice de abstenções se deve ao facto de o voto ser obrigatório no Brasil.
O cientista político Felipe Nunes avalia os motivos para este alto número de abstenções.
“Tem uma série de elementos que contribuíram para essa alta abstenção no país inteiro. O primeiro é o ano de 2013, a gente ainda não superou aquelas manifestações que levavam a uma insatisfação geral com serviços públicos, com a política, com atendimento que os órgãos públicos dão à população. Depois, o acirramento e a polarização da eleição de 2014, que foi histórica no Brasil. Também ainda não superamos esse momento de acirramento entre o PT e o PSDB, uma certa divisão do país e das cidades e em alguns casos até das famílias, facto que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma crise nacional política envolvendo grandes partidos envolvidos em escândalos de corrupção como o PT, PSDB e PMDB. Então tudo isso no cenário nacional acho que trouxe uma insatisfação grande para as pessoas e um certo afastamento”, disse.
Outro cientista político, Malco Camargos, também credita a ausência dos brasileiros nas urnas à descrença com os políticos, mas adverte que tal facto não demonstra uma maturidade do eleitor.
“O eleitorado está mais descrente, mas isso não significa que ele está mais maduro. Certamente a escolha não é aquela que ele queria para a cidade. Mas é possível e dentro disso ele deve fazer sua escolha e a partir daí encontrar um novo jeito de construir sua cidade no futuro”, explicou.
As mudanças nas campanhas eleitorais propostas pelo Tribunal Superior Eleitoral também impactaram a população.
Até mesmo a tradicional sujeira nos locais de votação, os milhares de santinhos espalhados nos últimos anos, desapareceram das ruas.
“Houve um avanço no sentido da limpeza urbana, mas não podemos deixar de observar que a eleição deste ano foi muito mais apática. Ao observar o comportamento das pessoas você vê muito pouco santinho nas ruas, poucos eleitores manifestando na sua própria pessoa a escolha feita. É uma escolha acanhada, envergonhada e apolitizada”, conclui Malco Camargos.
Fonte
- Patrick Vaz. Eleitores brasileiros afastam-se das urnas — Voz da América, 31 de outubro de 2016
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