27 de novembro de 2022

Copa do Mundo FIFA de 2022
Últimas notícias:
Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Primeiro anfitrião da Copa do Mundo no Oriente Médio, o Catar é um país majoritariamente muçulmano. Cerca de 70% da população do país segue o Islã e as leis, costumes e práticas catarianas têm origem na religião. Quem já está no país ou quem vai embarcar nas próximas semanas para torcer pela seleção brasileira na Copa do Mundo deve considerar alguns cuidados relacionados às diferenças culturais que, se não forem observadas, podem causar embaraços para quem visita aquele país.

A antropóloga e professora Francirosy Campos Barbosa, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, explica que o Catar possui diferenças em relação ao Brasil e a muitos costumes brasileiros. “As diferenças vão desde as relações pessoais até o consumo e comercialização de bebidas alcoólicas, o que tem sido alvo de muitos questionamentos por parte dos brasileiros”, alerta. Para a professora, o importante é que as regras e os comportamentos sejam respeitados. “Você está indo para a casa do outro e o outro tem regras que, obviamente, são diferentes das nossas regras, da nossa maneira de ver a vida”, defende a antropóloga. Mesmo assim, ela pondera: “Por outro lado, é um país extremamente hospitaleiro. Aonde há muçulmanos, há uma hospitalidade muito grande”.

Comportamentos discretos em espaços públicos

Um dos temas que têm sido alvo de críticas desde o anúncio do país como sede da Copa do Mundo é o fato de a homossexualidade ser considerada crime no Catar, é haram (proibido) pelo Islã, e a legislação não deve mudar por causa do evento esportivo. Para a professora, a melhor forma de se prevenir é “evitar a exposição nos espaços públicos”, um conselho aplicável também para os casais heterossexuais, visto que as demonstrações públicas de afeto não são comuns no país.

No Catar, assim como em outros países muçulmanos, pessoas de sexos opostos não costumam se cumprimentar com apertos de mão, beijos e abraços. “O homem não toca na mulher, a mulher não toca no homem, porque, na verdade, a gente só tem intimidade do toque com pessoas da nossa família interna. Com as pessoas que não são da família, você mantém o recato, a modéstia, a educação, o distanciamento. Isso é muito bem visto no Islã”, diz Francirosy.

O conselho dado pela professora é para que o cumprimento seja feito apenas verbalmente, “basta falar Assalamu Aleikum (expressão árabe que significa ”que a paz esteja sobre vós”) ou bom dia, boa tarde, boa noite. Isso não é falta de educação. Ao contrário, isso para o muçulmano é um respeito profundo”.

Em relação a bebidas alcóolicas, o país não permite a comercialização nem a consumação nas ruas e, mesmo durante o evento, só serão comercializadas em lugares licenciados, como hotéis, bares e alguns restaurantes. A causa, explica a professora, também está ligada à religião, que proíbe “qualquer bebida que altere a consciência”, incluindo o consumo e a comercialização. Por isso, em geral, a “grande maioria” dos muçulmanos evita frequentar lugares onde há bebidas alcoólicas e “alguns comerciantes catares se negam a comercializá-las”.

Fonte