Brasil • 27 de junho de 2006

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Uma comissão especial da Câmara dos Deputados do Brasil agendou para esta quarta-feira (28) apresentação do parecer ao Projeto de Lei 4679/01 do deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP), presidente da Câmara, que obriga a adição de de 10% de amido de mandioca à farinha de trigo consumida no Brasil.

Segundo os deputados que defendem o projeto, a lei, se aprovada, estimulará a produção nacional de mandioca, e ajudará a diminuir parte da importação de trigo. Contudo, entidades ligadas aos setores alimentícios dizem que a medida é arbitrária, tirará o poder de escolha do consumidor e eventualmente poderá trazer prejuízos à indústria.

O sócio-proprietário da Agrícola Horizonte, Osvino Ricardi, cujo moinho foi o primeiro do Brasil a lançar a farinha de trigo mista (80% de farinha de trigo e 20% de amido de mandioca), disse que a mistura não só é viável tecnicamente como ele pode gerar milhares de novos empregos, riquezas e impostos. O pesquisador Dermânio Tadeu Lima Ferreira, que também discutiu junto aos deputados sobre a questão da farinha, disse que a fécula de mandioca pode ser vista como solução para equilibrar a farinha e lembrou que já existem moinhos de trigo que usam o amido de mandioca para clarear o pão francês, em substituição a produtos químicos.

A indústria brasileira panificadora é contra o projeto. Segundo o Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, Marcos Salomão: "Achamos que qualquer coisa que venha sob forma obrigatória vai prejudicar o nosso setor, os produtos e consumidor, pois é uma distorção de mercado querer que um setor cresça nas costas de outro". Salomão disse que a obrigatoriedade comprometeria alguns produtos, que teriam de ser retirados de linha, o que geraria desemprego.

O Presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Santo André (SP), Antônio Carlos Henrique, disse que o pão francês consumido pelos brasileiros é feito exclusivamente de trigo e que a adição da mandioca à farinha de trigo irá mudar tanto as características quanto o sabor do produto.

Argumento semelhante foi oferecido por representantes da indústria brasileira de biscoitos, também contrários ao projeto.

Representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), disseram que são contra a obrigatoriedade da mistura da farinha de trigo com a de mandioca e que se tal medida for imposta a qualidade do macarrão poderá ser afetada. A presidente da Abima, Eliane Kay, disse que não é contrária ao estímulo ao setor mandioqueiro, porém não concorda com obrigatoriedade de mistura das farinhas.

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